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Moçambique / Ucrânia

MNE moçambicana defende "pressão positiva" para alcançar a paz na Ucrânia

Em declarações à imprensa, após ter conduzido ontem os trabalhos de uma reunião extraordinária dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste (PALOP-TL) com a União Europeia em Bruxelas, a chefe da diplomacia moçambicana, Verónica Macamo, explicou o posicionamento de neutralidade assumido pelo seu país relativamente ao conflito na Ucrânia e disse privilegiar a "pressão positiva" para se alcançar a paz.

Verónica Macamo, chefe da diplomacia moçambicana, no Conselho Executivo da União Africana em Addis Abeba a 6 de Fevereiro de 2020
Verónica Macamo, chefe da diplomacia moçambicana, no Conselho Executivo da União Africana em Addis Abeba a 6 de Fevereiro de 2020 RFI/Miguel Martins
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Ao ser questionada sobre as sucessivas abstenções do seu país aquando do voto de resoluções da ONU condenando a ofensiva russa, Verónica Macamo disse que não existe contradição entre esta postura e o desejo de se alcançar a paz. "Não há contradição, porque eu penso que estamos como todo o mundo está. O problema são os caminhos. Moçambique acha que é importante que nós façamos uma 'pressão positiva' para que a Ucrânia e a Rússia se sentem para ultrapassar o problema. Não há nenhuma guerra que comece e não termine na mesa", explicou a Ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros.

"Não só porque somos amigos da Ucrânia e da Rússia da mesma maneira, talvez tenhamos mais responsabilidade de pensar que talvez o melhor seja mesmo sentar e resolver o problema, mas também porque se olharmos para as resoluções que passaram, já são muitas. Alguma coisa mudou? Então, pensamos que se calhar vale a pena mudar de estratégia e dizer que vamos fazer uma 'pressão positiva', dizer às partes que o nosso mundo já mudou muito, nós crescemos muito como seres humanos, não é assim que se resolve o problema, portanto estamos todos juntos, nós todos queremos paz", acrescentou Verónica Macamo.

Numa altura em que Moçambique passa a assegurar a liderança mensal rotativa do Conselho de Segurança da ONU, no qual é membro não permanente desde Janeiro por um período de dois anos, a chefe de diplomacia moçambicana defendeu a via do diálogo com as duas partes. "O meu Presidente já falou com o Presidente da Ucrânia, já falou com o Presidente do Parlamento da Rússia que esteve no nosso país, nós próprios temos falado tanto com o embaixador da Rússia como com o embaixador da Ucrânia a apelar para que definitivamente se sentem à mesa e que conversem", disse a responsável.

"Moçambique não está a pensar que o que está a acontecer na Ucrânia é bom. Nós pensamos que é mau, nós pensamos que aquelas situações não têm sentido, não deveriam existir, da mesma maneira que pensamos que efectivamente também não podem continuar a morrer pessoas", rematou ainda a governante.

Recorde-se que a 23 de Fevereiro, a Assembleia-Geral da ONU aprovou com uma esmagadora maioria de 141 votos, uma resolução exigindo a "retirada imediata" das tropas russas da Ucrânia. Esta resolução elaborada pela Ucrânia e os seus aliados contou nomeadamente com os votos favoráveis de países como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. 7 países votaram contra o texto, a Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte, Eritreia, Mali e Nicarágua. Entre 32 os países que se abstiveram, figuram a China, Cuba, a Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.

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