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Reportagem

Timor também marcou presença na Jornada Mundial da Juventude

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Mais de 60 timorenses marcaram presença na Jornada Mundial da Juventude, que decorreu há uma semana, em Lisboa. Conhecer Portugal e falar do seu país, desconhecido para muitos jovens nascidos no XXI século, foram algumas das missões de quem veio até à Europa para este encontro católico.

A Jornada Mundial da Juventude trouxe mais de meia centena de timorenses a Lisboa.
A Jornada Mundial da Juventude trouxe mais de meia centena de timorenses a Lisboa. AP - MARIO JONI
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Pelo menos 62 timorenses inscreveram-se como peregrinos na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa. No meio dos milhares de pessoas, a RFI encontrou Leo Pinto que é timorense e para se destacar, carregava a bandeira do seu país. Vive há cerca de cinco anos na Irlanda e mostrou-se satisfeito por conhecer, finalmente, Portugal.

“Estou muito feliz de participar na Jornada Mundial da Juventude. Para mim é uma experiência surreal. Os portugueses fizeram um trabalho maravilhoso para manter toda a gente em segurança durante a Jornada o que é fantástico quando estamos a falar de um milhão de pessoas que visitam Lisboa nesta altura. Há sempre comida e a hospitalidade é fantástica. As pessoas são muito simpáticas. Estou a adorar estar aqui e quero muito voltar a Lisboa”, declarou.

Após as eleições legislativas de Maio deste ano, em que Xanana Gusmão ganhou, tornando-se primeiro-ministro, Leo diz que o país está em paz e planeia voltar já em 2024 para visitar a família.

Eu vou voltar a Timor em 2024 e acho que a situação se tornou pacífica agora. Estou particularmente feliz que a situação política se tenha estabilizado. Os nossos líderes tentam trabalhar em conjunto, mesmo quando têm ideias políticas diferentes e parece-me que querem trabalhar para o bem comum. A minha família diz-me que tudo está bem no país e pede-me para que onde quer que eu vá, espalhe também a paz”, contou à RFI.

Não foi só a RFI que reparou na bandeira de Timor no meio de centenas de outras bandeiras. A estrela branca, envolta em preto, amarelo e vermelho chamou a atenção de outros jovens que se mostraram curiosos sobre esta nação o que possibilitou a Leo Pinto falar sobre o seu país.

Muita gente se aproxima de mim porque tenho esta bandeira e muitos jovens que já nasceram no século XXI não sabem onde é Timor nem conhecem a nossa história. Eles estão sempre a perguntar de onde sou e dizem-me que a nossa bandeira é linda e nunca a tinham visto antes e aí eu explico: nós somos um país no Sudeste asiático, entre a Austrália e a Indonésia, fomos uma colónia portuguesa e durante 24 anos estivemos sob a controlo da Indonésia, mas agora somos independentes. Depois digo que o português, assim como o tétum são as nossas línguas oficiais e eles dizem: Uau! Eu, por exemplo, percebo bem o português, mas só falo tétum, nunca fui à escola portuguesa”, indicou.

Durante o quase quarto de século de ocupação indonésia, os timorenses foram obrigados a escolher uma das cinco religiões oficiais da Indonésia e cerca de 90% escolheram o catolicismo, sendo obrigados a deixar para trás a religião tradicional dos seus antepassados. Nessa altura, o clero instalado na ilha há quase cinco séculos com muitas ordens com fortes laços com Portugal, foi substituído por clero da Indonésia, levando a própria Igreja a tomar uma posição de conciliação, com o Papa João Paulo II a ter visitado Timor em 1989, ainda ocupado, e falar indirectamente dos abusos de direitos humanos cometidos contra os timorenses.

Na feira das vocações, organizada nos jardins de Belém durante a Jornada Mundial da Juventude para que os jovens contactassem com diferentes ordens católicas encontrámos a irmã Fátima, da ordem das Escravas da Santa Eucaristia e da Mãe de Deus, que é missionária em Timor-Leste há 11 anos. Esta ordem acompanha jovens timorenses que queiram integrar a missão e também cerca de 500 crianças em diferentes cidades do país.

"Estamos a apoiar quase 500 crianças, estamos em três dioceses. Em Baucau são 300 crianças mais desfavorecidas, é também mais longe, a 200 quilómetros, demoramos seis horas a chegar lá e estamos com o apoio do Ministério da Solidariedade de Portugal e de Timor. Ali as crianças fazem uma refeição quente e lanche, a única para alguns, e reforçamos a escola porque temos pré-escolar e tempos livres", descreveu a irmã Fátima.

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