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Espanha/Migrantes

2023 foi o ano mais mortífero para os migrantes africanos

Em 2023, mais de 6.600 migrantes morreram ou desapareceram ao tentar chegar a Espanha. O ano ficou marcado por um fluxo migratório sem precedentes para o arquipélago das Canárias. A denúncia é da ONG espanhola Caminando Fronteras.

No ano passado, o número de migrantes mortos ou desaparecidos ao tentar chegar a Espanha aumentou 177%.
No ano passado, o número de migrantes mortos ou desaparecidos ao tentar chegar a Espanha aumentou 177%. AFP - DESIREE MARTIN
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2023 foi o ano mais mortífero para os migrantes africanos. Pelo menos 6.618 migrantes morreram ou desapareceram ao tentar chegar a Espanha em 2023. O número equivale a uma média de 18 migrantes mortos por dia e​​ quase triplicou em relação a 2022. É o “mais alto” registado pela ONG espanhola Caminando Fronteras desde o início dos seus registos, em 2007.

No ano passado, o número de migrantes mortos ou desaparecidos ao tentar chegar a Espanha aumentou 177%. Helena Maleno, coordenadora da organização, denuncia a “falta de meios” de socorro no mar, critica o que chamou de "números vergonhosos" e aponta o dedo às autoridades espanholas e dos países de origem desses migrantes que acusa de priorizarem o "controlo migratório" em detrimento do "direito à vida".

Este aumento nas tragédias migratórias ocorre numa altura em que o número de migrantes que chegaram clandestinamente a Espanha quase duplicou em 2023, atingindo as 56.852 pessoas, devido a um influxo sem precedentes no arquipélago das Canárias, conforme dados do Governo espanhol.

A grande maioria das mortes de migrantes ao tentar chegar a Espanha (6.007 no total) ocorreu na rota migratória entre as costas do noroeste de África e o arquipélago espanhol das Canárias, no oceano Atlântico.

De acordo com a ONG, os migrantes desaparecidos ao tentar chegar à Espanha partiram principalmente das costas do Senegal (3.176), um país que registou, nos últimos dois anos, vários episódios de instabilidade política.

Além disso, a ONG contabilizou 611 mortos ou desaparecidos no ano passado na rota migratória que liga Marrocos e Argélia às costas do sul da Espanha. Entre as vítimas do ano passado, 363 eram mulheres e 384 eram crianças.

A Caminando Fronteras baseia-se em chamadas de socorro de migrantes no mar ou das famílias para elaborar os relatórios. A Organização Internacional para as Migrações, que se baseia em testemunhos indirectos e artigos de imprensa, contabilizou 914 desaparecidos no ano passado na rota migratória para as Canárias e 333 entre Marrocos ou Argélia e a Espanha. Porém a OIM sublinha que os números estão "provavelmente" subestimados, devido à dificuldade em documentar os naufrágios e ao facto de que a maioria dos corpos não é encontrada.

No âmbito da luta contra a imigração ilegal, Espanha tem em Marrocos o seu principal parceiro, com quem normalizou as relações em 2022, a um preço controverso relacionado com o Sahara Ocidental. Além disso, Madrid também intensificou recentemente a cooperação com o Senegal e a Mauritânia. 

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