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Haiti

Haiti: Gangue ameaça avançar para uma guerra civil e genocídio

No Haiti, o líder de um grupo armado ameaça com uma guerra civil sangrenta e genocídio se o Primeiro-Ministro Ariel Henry permanecer no poder. Ariel Henry está bloqueado em Porto Rico e tenta sem sucesso regressar ao país. Há meses que gangues matam, roubam, violam, raptam e controlam a maior parte de Port-au-Prince. Na capital, os habitantes enfrentam a penúria generalizada.

Há meses que gangues matam, roubam, violam, raptam e controlam a maior parte de Port-au-Prince.
Há meses que gangues matam, roubam, violam, raptam e controlam a maior parte de Port-au-Prince. AP - Odelyn Joseph
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Desde a semana passada, os gangues têm realizado ataques coordenados no Haiti, libertaram prisioneiros dos dois maiores estabelecimentos prisionais do país e continuam a tentar controlar o aeroporto de Port-au-Prince. 

Esta terça-feira, 05 de Março, em conferência, o líder de um gangue Jimmy Cherizier, também conhecido como Barbecue, ameaçou o país com uma guerra civil.

Se Ariel Henry não se retirar, o país enfrentará um genocídio.

Se Ariel Henry não se retirar e se a comunidade internacional continuar a apoiar Ariel Henry, levar-nos-á directamente a uma guerra civil que terminará em genocídio.

Entretanto, Ariel Henry continua a tentar regressar ao país, mas sem sucesso. O Primeiro-Ministro haitiano estava em Nairobi para assinar um acordo que permitia o envio de uma força multinacional para o Haiti. Entretanto, o avião privado do Primeiro-Ministro chegou a Porto Rico, onde se encontra bloqueado.

Esta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU realiza uma reunião de emergência sobre a nova escalada de violência no Haiti.

Desde o ataque de gangues a duas prisões no fim-de-semana e a fuga de milhares de detidos, que os tiros se multiplicam na capital. Os habitantes não saem de casa com medo de serem atingidos por balas perdidas. As farmácias foram vandalizadas, comerciantes recusam abrir as lojas e não há reposição de stocks. A principal empresa de água potável, Culligan, avisou, desde segunda-feira, 4 de Março, aos haitianos nas redes sociais que as entregas de garrafões de água estão suspensas.

Mesmo que o Haiti já tenha enfrentado outros picos de crises de segurança, o embaixador de França no Haiti, Fabrice Mauriès, acredita que um novo patamar foi atingido e que o envio de uma força multinacional é a única alternativa. Uma força liderada pelo Quénia e apoiada financeiramente, entre outros, por Paris, que forneceria apoio à PNH, a polícia nacional haitiana.

Não é surpreendente que a Polícia Nacional Haitiana (PNH) enfrente dificuldades. Precisamos dessa força. Não para fazer o trabalho da PNH, no lugar da PNH.

A PNH está actualmente a lutar contra os gangues e com muita coragem. Mas precisamos absolutamente da missão porque a PNH sozinha não será capaz de reverter a situação. 

A PNH é um reflexo do Estado haitiano, uma instituição fraca, subdimensionada, uma instituição que perdeu homens nos últimos anos e uma instituição cujo treinamento não foi destinado a lutar contra guerrilheiros.

Há uma urgência em agir.

Não se trata de, mais uma vez, vir em auxílio de tal ou tal personalidade ou de tal ou tal Governo, mas sim, vir em auxílio de uma população que está exausta e esgotada.

A organização Médicos Sem Fronteiras avisou igualmente esta quarta-feira, 06 de Março, que o hospital da capital está no limite da capacidade por causa do agravamento da violência provocada pelos grupos armados.

Em 2023, a MSF tratou mais de quatro mil vítimas de violência sexual e estima que com actual instabilidade no país os números podem aumentar "muito mais".

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