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Reportagem

África: expectativas e desejos dos cidadãos para o ano de 2023

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Estamos a poucas horas de entrar em 2023. Este ano, 2022, ficou marcado por muitas crises, muitas mudanças, umas positivas, outras nem tanto. Neste último dia do ano, é tempo de deixar as recordações dos maus momentos para trás, na esperança de um 2023 próspero e feliz.A RFI saiu às ruas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe para descobrir junto dos cidadãos quais são as expectativas para o novo ano.

Crianças na Huíla, no sul de Angola.
Crianças na Huíla, no sul de Angola. © RFI/Lígia Anjos
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Em Angola, ouvimos vários cidadãos que nos falaram sobre os os seus objetivos pessoais para 2023. A reportagem é de Francisco Paulo.

Angolanos sonham com melhores condições de vida

Com o ano a chegar ao fim, vários cidadãos na capital angolana perspectivam novos objectivos para o ano novo e outros pensam em recuperar projectos que não conseguiram concluir em 2022. Gerónimo Manuel, 38 anos, técnico de informática, espera conseguir, em 2023, uma casa e um emprego para poder contornar as dificuldades vividas pela família.

“Espero que o próximo ano seja um ano de mais perspectivas e que os meus sonhos sejam realizados”, perspectivou o jovem. A construção da casa própria e sair da renda. Já tenho um espaço o que me falta mesmo é construir”, disse, em entrevista.

Se Gerónimo Manuel quer um emprego para sustentar os parentes, a licenciada em fisioterapia, Sílvia Maria, pretende apenas trabalhar na sua área de formação e constituir uma empresa.

Em 2023, a primeira coisa é trabalhar na minha área e também conseguir um espaço para atender os meus pacientes, porque o fisioterapeuta bom é àquele que trabalha ao domicílio e nós como licenciados é bom termos um espaço para criarmos emprego”, referiu.

Por sua vez, Adilson Adriano quer casar e retomar a formação superior no próximo ano, devido ao facto de ter angariado algum dinheiro com a constituição de um pequeno negócio que, para ele, já dá lucros.

No próximo ano, pretendo realizar o meu matrimónio, viver no meu tecto próprio com a minha esposa e voltar à universidade e terminar”, planificou o estudante de gestão empresarial da Universidade Metodista.

Cabo-verdianos anseiam por bens de primeira necessidade mais baratos

Para o ano de 2023, os cabo-verdianos ouvidos pela RFI esperam que a guerra na Ucrânia acabe e que os preços dos bens de primeira necessidade possam baixar no país. O nosso correspondente Odair Santos faz-nos o relato.

Com a taxa de inflação em Cabo Verde a atingir em Dezembro 8%, o valor mais alto dos últimos 25 anos, os cabo-verdianos ouvidos pela RFI esperam que, no próximo ano, haja menos impostos e que possam pagar muito menos pelos bens de primeira necessidade.

Temos a expectativa que a guerra (na Ucrânia) possa acabar em breve e a vida possa tornar melhor, no sentido que os preços dos produtos baixem para níveis comportáveis. Para os empresários espero melhorias para que possam compensar as perdas, tendo em conta que são os empresários que criem o emprego” disse o técnico parlamentar, Joaquim Gomes.

O músico e empresário do setor marítimo e turístico, Valdemiro Ferreira,“Vlú”, espera que 2023 seja um ano de “menos impostos” porque “o governo que carrega a sociedade de impostos não é um bom governo e neste momento há muitos impostos” por isso, espera que sejam reduzidos em 2023.

Por sua vez, a combatente da Liberdade da Pátria, Zezinha Chantre, que é fundadora da Organização das Mulheres de Cabo Verde, ouvida pela RFI, espera que 2023 traga muita saúde a todos os cabo-verdianos e conta escrever as suas memórias.

O meu dever é deixar alguma coisa escrita da minha trajectória de vida, tendo em conta que sou uma combatente da liberdade da Pátria, lutei pela independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau e é um dever que tenho de deixar no papel aquilo que vivenciei ao longo da minha trajetória, portanto penso concentrar o ano de 2023 a volta dessa escrita das memórias da Zezinha Chantre”, disse a combatente da Liberdade da Pátria, Josefina “Zezinha” Chantre.

2023 será ano de lutas para a afirmação dos direitos dos cidadãos na Guiné-Bissau

Na Guiné-Bissau, as organizações da sociedade civil prevêem que 2023 seja um ano de lutas para a afirmação de direitos dos cidadãos. Enquanto isso, as autoridades políticas antevêem muitas realizações. Mussá Baldé tem mais informação.

2023 está a ser apontado pelas autoridades guineenses como ano de grandes realizações. Entre outras coisas, em Junho de 2023 estão previstas as eleições legislativas. Em Setembro, as celebrações dos 50 anos da independência nacional.

As autoridades de Bissau contam ter até lá, a primeira autoestrada do país, um troço que liga Bissau à Safim, cerca de 14 quilómetros e ainda toda a zona do Bissau Velho, a zona antiga da capital guineense, totalmente remodelada.

Neste momento, decorrem obras de requalificação do Bissau Velho, que passará a ter uma avenida do palácio da República ao porto de Pindjiguiti, estradas pavimentadas, passeios e praças recuperadas.

Tudo isso é muito bonito, mas a Frente Social, que congrega os sindicatos do pessoal da Saúde e da Educação, avisa que se o Governo não olhar de facto para os trabalhadores, 2023 será ano de muitas greves.

O aviso foi dado por Yoyo João Correia, porta-voz da Frente Social. “A nossa perspectiva é continuar a luta porque a nossa obrigação enquanto líderes sindicais é lutar pela melhoria das condições dos trabalhadores”, defendeu.

Para as mulheres, 2022 não foi grande ano, devido ao aumento dos preços dos produtos da primeira necessidade. Foi o que disse Silvina Tavares, presidente da Plataforma Política das Mulheres da Guiné-Bissau. A responsável, espera, porém, que 2023 seja diferente neste e noutros aspectos, sobretudo no campo político com a presença de mais mulheres nas listas de candidatas a deputadas e ainda na luta contra a violência.

Perspectivamos para 2023 uma sensibilização contínua para os nossos citadinos e também para os nossos dirigentes. Os próprios dirigentes devem incutir nas suas mentes que a violência não é saudável para ninguém. Ninguém gosta e, se não se gosta, não se deve encorajar”, disse, em entrevista à RFI.

Moçambicanos vêem exportação do gás natural liquefeito como esperança

Em Moçambique, os cidadãos esperam que 2023 seja um ano melhor que o precedente e que a exportação do gás natural liquefeito da Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, se faça sentir na melhoria das condições de vida da população. A reportagem é do nosso correspondente Orfeu Lisboa.

2022 é um ano para esquecer, pelo menos assim assumem os munícipes nas ruas e avenidas da capital moçambicana.

Praticamente tudo subiu, o combustível, bens alimentares. Na verdade, foi um ano difícil para nós”.

Acabámos de sair da pandemia. Vamos ver no próximo ano o que vai acontecer com muita esperança”.

Este sentimento de optimismo é quase generalizado e a pensar no novo ano já que o país entrou para a lista restrita de nações exportadoras do gás natural.

É um momento de se pensar no 2023 a trazer melhorias e não só para o 2023 atenção, devemos pensar também a longo prazo”.

Eu espero que as coisas melhorem, os governantes nesse caso olhem para nós, em vez de olharem só para eles, essas coisinhas”.

Mas vamos pedir para que o custo de vida seja bom em termos de preço de combustível, o transporte, o pão”.

Talvez não venha a mudar nada porque estamos a entrar no 2023 com essas subidas de preços por aí, então eu acho que não vai melhorar quase nada

Nas ruas e avenidas da capital moçambicana, a movimentação é considerável e de quem procura efectuar as últimas compras para a festa da transição, que para muitos será passada em família até porque o Instituto Nacional de Meteorologia prevê a queda de chuva em quase todo o país.

São-tomenses esperam melhorias a nível social e económico

Em São Tomé e Príncipe, os cidadãos esperam igualmente que o ano de 2023 seja um ano de mudanças positivas e de melhorias a nível social e económico. Maximino Carlos conta-nos tudo.

Os são-tomenses contactados pela RFI auguram um ano melhor, diferente de 2022. Apesar do contexto difícil, pretendem melhorias económicas e maior entendimento. A maioria deseja mais emprego e estabilidade política.

Em 2023, depositam esperança na maximização dos recursos internos para evitar a forte dependência externa do país.

"Eu espero que no ano 2023 tudo corra melhor, que não haja dor como em 2022".

"Espero grandes ludanças, juntamente com essa nova eleição, com este novo governo. Espero que haja melhoria porque existe uma grande massa de jovens a sair do país por causa da crise económica. Dizem que não há emprego".

"O ano de 2023, quando entrar, que possa vir com fé, alegria. Que possamos delegar a Deus que tudo corra bem".

"Espero que possamos ter mais trabalho, mais empenho. Que toda a gente consiga trabalhar, que consigam ter os seus negócios".

"Desejo que, para o ano, apesar das medidas que anunciam que vêm aí, temos de ter esperança de que as coisas podem melhorar, com o esforço de todos nós. Devemos contribuir sempre, trabalhando, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance".

A equipa da RFI Português deseja a todos os nossos ouvintes um excelente ano de 2023.

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