Sri Lanka: novo Governo com manda-chuvas do antigo
No Sri Lanka, foi formado um novo Governo, esta sexta-feira, três dias depois de Ranil Wickremesinghe chegar ao poder. O novo elenco governativo é constituído, na sua maioria, por apoiadores do clã Rajapaksa, o ex-presidente, expulso nos últimos meses por um grande movimento popular.
Publicado a:
Os 18 membros do Governo nomeados são praticamente os mesmos políticos que governavam antes da renúncia de Gotabaya Rajapaksa. O primeiro-ministro, Dinesh Gunuwardane, é muito próximo deste clã, pessoal e ideologicamente. Foi ministro durante o reinado de Mahinda Rajapakse, em 2010, e depois juntou-se à coligação do seu irmão, o presidente deposto Gotabaya Rajapaksa.
O ministro das Relações Exteriores, Ali Sabry, é o advogado pessoal da família Rajapaksa.
Para muitos cingaleses, que lutavam pela saída desta dinastia, é uma grande decepção e temem, agora, que o clã esteja a agir nos bastidores.
Ontem os acampamentos dos manifestantes anti-governo em Colombo foram brutalmente desmantelados pela polícia e soldados.
A União Europeia sublinhou a necessidade do respeito pela liberdade de expressão e a embaixadora americana em Colombo mostrou-se extremamente preocupada com a escalada “inútil e muito preocupante da violência” contra os manifestantes. Também a Amnistia Internacional condenou o recurso à força e apelou ao respeito à dissidência.
A Human Rights Watch fala em 50 feridos e alerta que a mensagem enviada pelo Governo com esta acção é perigosa, pois quer dizer que o novo poder vai passar a governar mais pela força que pela via legal.
O Sri Lanka está mergulhado numa crise política, depois de semanas de contestação nas ruas devido à crise económica que levou ao aumento exponencial da inflação, levando à escassez de combustíveis, electricidade e alimentos.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro