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Etiópia

Etiópia liberta jornalista francês acusado de "conspirar"

O jornalista francês Antoine Galindo, que estava detido na Etiópia há uma semana, foi libertado e já está a caminho de França. A informação foi avançada pela publicação especializada Africa Intelligence, entidade patronal do jornalista. As autoridades acusavam-no de "conspirar para fomentar o caos".

Addis-Abeba, Etiópia.
Addis-Abeba, Etiópia. AFP - MICHELE SPATARI
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O jornalista francês Antoine Galindo, que estava detido na Etiópia há uma semana, foi libertado e já está a caminho de França. A informação foi avançada pela publicação especializada Africa Intelligence, entidade patronal do jornalista.

"Antoine Galindo foi libertado a 29 de Fevereiro após uma semana de detenção e conseguiu deixar Adis Abeba para regressar a Paris", avança a AFP que cita Paul Deutschmann, editor-chefe da Africa Intelligence

À agência de notícias francesa, Antoine Galindo, à partida de Addis Abeba, garantiu estar bem: "Estou bem, estou em boa saúde" e "fui bem tratado", apesar das difíceis condições de detenção.

Antoine Galindo foi detido a 22 de Fevereiro num hotel no centro de Adis Abeba, na companhia de um membro da Frente de Libertação Oromo (OLF), partido da oposição legalmente registado, com quem tinha um encontro. O elemento da oposição ainda continua detido.

O jornalista francês teria sido presente a tribunal no sábado passado, 24 de Fevereiro, que ordenou a sua detenção. Na audiência, a polícia indicou suspeitar de que o jornalista estava a "conspirar para fomentar o caos" na Etiópia.

A publicação Africa Intelligence denunciou acusações "falsas" que "não se baseiam em nenhum elemento tangível".

Antoine Galindo, de 36 anos, é chefe da secção África Ocidental, chegou à Etiópia a 13 de Fevereiro para a cobertura jornalística da Cimeira da União Africana (UA) em Adis Abeba, sede da organização. A Africa Intelligence garante que o seu funcionário "possuía um visto que o autorizava a exercer a actividade de jornalista".

Na quarta-feira, 28 de Fevereiro, Selamawit Kassa, secretária de Estado etíope para a Comunicação, afirmou que o jornalista francês foi detido por ter ultrapassado a sua credencial, que, segundo as autoridades, apenas o autorizava a cobrir a Cimeira da UA, e por ter recolhido ilegalmente "informações sobre questões políticas internas" da Etiópia.

As autoridades etíopes sublinham que a EMA (Ethiopian Media Authority – Alta Autoridade para a Comunicação Social)] não lhe tinha "emitido uma autorização adicional para cobrir outros assuntos" que não a Cimeira da UA. "Portanto, a polícia acusou-o de trabalhar fora da acreditação concedida".

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) criticou a "detenção arbitrária" sublinhando ser "a terrível ilustração" da "hostilidade em relação ao jornalismo independente" por parte das autoridades etíopes que "procuram controlar a narrativa das recentes tensões sociopolíticas". 

O Comité para a Protecção dos Jornalistas denunciou "uma detenção injusta" que "ilustra o contexto terrível para a imprensa em geral na Etiópia (...) o segundo pior carcereiro de jornalistas na África subsaariana".

Após décadas de repressão, a liberdade de imprensa fez progressos com a chegada ao poder em 2018 do actual primeiro-ministro Abiy Ahmed, que libertou vários jornalistas e opositores. Mas, desde 2020 que a situação se tem vindo a deteriorar com a detenção de vários jornalistas etíopes e expulsão de jornalistas estrangeiros.

Em 2023, a Etiópia ocupava o 130º lugar mundial em termos de liberdade de imprensa, uma queda de 16 lugares em relação a 2022. Segundo a Repórteres Sem Fronteiras, a 01 de Janeiro de 2024, quinze jornalistas estavam presos.

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