Etiópia: Jornalista francês detido acusado de "conspirar para fomentar o caos"

Antoine Galindo está detido na Etiópia desde 22 de Fevereiro. As autoridades acusam o jornalista francês de "conspirar para fomentar o caos". A denúncia foi feita pela Africa Intelligence, entidade patronal do jornalista.

Addis-Abeba, Etiópia. © Wikimedia Commons/Mattias Kiel Nielsen

O jornalista francês Antoine Galindo está detido na Etiópia desde 22 de Fevereiro. As autoridades acusam o jornalista de "conspirar para fomentar o caos". A denúncia foi feita pela entidade patronal do jornalista, Africa Intelligence.

Antoine Galindo teria sido presente a tribunal no sábado passado, 24 de Fevereiro, que prolongou a sua detenção até 01 de Março.

A publicação Africa Intelligence denuncia acusações "falsas" que "não se baseiam em nenhum elemento tangível" e apela à "libertação imediata" do jornalista.

Antoine Galindo, de 36 anos, é chefe da secção África Ocidental, chegou à Etiópia a 13 de Fevereiro para a cobertura jornalística da Cimeira da União Africana (UA) em Adis Abeba, sede da organização. A Africa Intelligence garante que o seu funcionário "possuía um visto que o autorizava a exercer a actividade de jornalista" e denuncia uma "detenção injustificada" que constitui uma "grave violação da liberdade de imprensa".

O jornalista foi correspondente na Etiópia para vários meios de comunicação internacionais entre 2013 e 2017.

Segundo uma fonte próxima do caso citada pela AFP, Antoine Galindo teria sido preso na quinta-feira à tarde – 22 de Fevereiro - na capital etíope, na companhia de um líder do Frente de Libertação Oromo (OLF), um partido da oposição legalmente registado, com quem teria um encontro.

Fonte próxima do governo etíope, que pediu anonimato, indicou à AFP que o Antoine Galindo tinha sido "acreditado pela União Africana para cobrir a Cimeira", mas que a EMA (Ethiopian Media Authority – Alta Autoridade para a Comunicação Social)] não lhe tinha "emitido uma autorização adicional para cobrir outros assuntos". "Portanto, a polícia acusou-o de trabalhar fora da acreditação concedida para a Cimeira da UA" e "de se ter encontrado com membros de forças (...) declaradas ilegais por tentativas de desestabilizar a nação".

Segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), esta "detenção arbitrária" é "a terrível ilustração" da "hostilidade em relação ao jornalismo independente" por parte das autoridades etíopes que "procuram controlar a narrativa das recentes tensões sociopolíticas".