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Burkina Faso

HRW acusa o exército do Burkina Faso de ter executado pelo menos 223 civis

Num relatório publicado nesta quinta-feira, a Human Rights Watch (HRW) acusa as forças armadas do Burkina Faso, actualmente envolvidas no combate a grupos jihadistas, de "terem executado pelo menos 223 civis", entre os quais pelo menos 56 crianças em dois ataques no norte do país. Até ao momento, as autoridades do país não reagiram a estas acusações.

Militares do Burkina Faso em patrulhamento em 2020.
Militares do Burkina Faso em patrulhamento em 2020. © OLYMPIA DE MAISMONT / AFP
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"O exército do Burkina Faso executou sumariamente pelo menos 223 civis, dos quais pelo menos 56 crianças, em duas aldeias, a 25 de Fevereiro de 2024", afirma o relatório da HRW referindo que "os soldados mataram 44 pessoas, incluindo 20 crianças, na aldeia de Nondin e 179 pessoas, incluindo 36 crianças, na aldeia vizinha de Soro", no distrito de Thiou no norte do país.

A Human Rights Watch que refere ter baseado a sua investigação nas entrevistas de 23 de pessoas, afirma que "estes massacres em massa, entre os piores abusos do exército no Burkina Faso desde 2015, parecem fazer parte de uma campanha militar generalizada contra civis acusados de colaborar com grupos armados islâmicos, e podem constituir crimes contra a humanidade".

Estes massacres "são apenas os últimos dos assassinatos em massa de civis pelo exército burquinense no âmbito das suas operações de contra-insurgência", considera a HRW para a qual "o fracasso repetido das autoridades do Burkina Faso em prevenir e investigar tais atrocidades sublinha os motivos pelos quais a assistência internacional é crucial para apoiar uma investigação credível sobre possíveis crimes contra a humanidade".

O regime resultante do golpe de estado de 2022 e dirigido pelo capitão Ibrahim Traoré tem colocado entre as suas prioridades a luta contra os grupos jihadistas que grassam no país. No âmbito do combate aos grupos armados, as autoridades terão cometido uma série de exacções contra a população civil, segundo ONGs de defesa dos Direitos Humanos.

No passado dia 25 de Fevereiro, a televisão pública anunciou que uma unidade de elite do exército nacional tinha perseguido jihadistas que fugiam para a aldeia de Thiou na sequência de um ataque contra uma base militar, e que tinha "neutralizado o máximo de pessoas que não podiam fugir", sem contudo evocar vítimas civis.

Já em Janeiro, a HRW chegou a acusar os militares de terem morto pelo menos 60 civis em ataques de drones que, segundo a junta militar, visavam combatentes jihadistas.

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