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Ruanda

Ruanda: França mantém posição quanto ao genocídio de 1994

Kigali –  A França fez-se representar nas comemorações em Kigali dos 30 anos do genocídio pelo chefe da diplomacia e pelo secretário de Estado do mar, Hervé Berville, nascido no Ruanda. Por seu lado o presidente francês interveio num vídeo, alegando manter a posição assumida a 27 de Maio de 2021 no Ruanda onde Emmanuel Macron tinha assumido a responsabilidade francesa no ocorrido, mas descartando qualquer cumplicidade com os responsáveis hutus do genocídio.

Presidente do Ruanda Paul Kagame (à esquerda, no centro) e a esposa Jeannette Kagame (à direita, no centro) acendem a chama da memória em Kigali a 7 de Abril de 2024.
Presidente do Ruanda Paul Kagame (à esquerda, no centro) e a esposa Jeannette Kagame (à direita, no centro) acendem a chama da memória em Kigali a 7 de Abril de 2024. AFP - LUIS TATO
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Eis um excerto da alocução do presidente francês Emmanuel Macron:

"Não posso estar convosco nesta data tão importante e esta trigésima comemoração internacional do genocídio dos tutsis.

Acerca deste genocídio, este momento tão importante e cruel da história ruandesa ou dever-me-ia atrever a dizer da nossa história ?... Penso ter dito tudo a 27 de Maio de 2021 quando estive convosco.

Não tenho nada a acrescentar, nem nada a precisar em relação ao que vos disse nesse dia.

A França assume tudo e exactamente isso com base nos termos que utilizei e agradeço, uma vez mais, ao presidente Kagame pela forma como os acolheu e, desta feita, permitindo a abertura de uma nova página juntos na nossa relação."

O Eliseu, a presidência francesa, tinha, porém, avançado com uma possível intervenção do presidente francês nas redes sociais no fim de semana, o que não veio a ocorrer.

A presidência francesa tinha criado a surpresa ao admitir na quinta-feira da semana passada que a França podia ter travado o genocídio no Ruanda, mas que não teria tido vontade em fazê-lo.

O chefe de Estado do Ruanda, com um balanço controverso em termos de respeito dos direitos humanos, comentou esta confusão relativa à posição da França.

Paul Kagame alega estar focado nas boas relações que Kigali e Paris têm obtido recentemente.

"No que a mim me diz respeito a relação entre o Ruanda e a França tem sido boa nos últimos dias.

Ouvi falar dessa contradição, desta declaração diluída... mas eu estou focado nas coisas boas que podem acontecer se se obtiverem progressos. Continuamos na senda de apostar em novos progressos, sem levar em consideração a má história que tivemos."

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Paul Kagame, presidente ruandês, 8/4/2024

As comemorações no Ruanda coincidem com o início a 8 de Abril em Bruxelas do julgamento de um presumível chefe das milícias hutus interahamwe. Emmanuel Nkunduwimye, de 65 anos, é acusado de homicídio e de violação em 1994 em Kigali.

O Ruanda está a levar a cabo comemorações que vão demorar precisamente 100 dias, tantos quantos aqueles em que decorreu o genocídio em 1994, provocando 800 000 vítimas.

O presidente Paul Kagame acendeu a chama da lembrança na capital neste domingo, na presença de cinco mil convidados, incluindo mais de 30 chefes de Estado e de governo, antigos dirigentes e representantes de organizações internacionais.

O presidente da Comissão da União Africana, o chadiano Moussa Faki Mahamat, alegou que "Ninguém, nem sequer a União Africana, podem ficar isentas de responsabilidade pela sua inércia".

Enquanto isso o presidente ruandês, um tutsi, Paul Kagame, afirmou que "A comunidade internacional nos traíu, seja por desprezo ou covardia".

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