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Reportagem

Narrativas arquitectónicas podem abrir Cabo Verde ao mundo

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O centro de investigação artística Storia na Lugar é formado pela arquitecta Patrícia Anahory e o Artista visual César Schofield Cardoso. É através de uma cumplicidade e de um olhar crítico que a dupla conduz os seus projectos. Projectos que os levaram à Bienal de Veneza, na estreia de Cabo Verde no mais prestigiado evento da arquitectura do mundo.

A arquitecta Patrícia Anahory e o artista visual César Schofield Cardoso.
A arquitecta Patrícia Anahory e o artista visual César Schofield Cardoso. © RFI/Lígia Anjos
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"O futuro de África é o presente", afirma a aquitecta cabo-verdiana Patrícia Anahory, embora para muitas pessoas o "futuro seja o amanhã e para outras haja vários futuros". 

Para Patrícia Anahory "imaginar um futuro melhor possibilita trabalhar o presente", um trunfo que traz consigo no dia-a-dia e no trabalho que desenvolve mais fora do país do que em Cabo Verde, onde ainda "há muito para fazer", como nos explica a antiga directora-fundadora do Centro de Investigação em Desenvolvimento Local e Ordenamento do Território (CIDLOT) da Universidade de Cabo Verde.

No seu trabalho, a arquitecta tenta compreender as subtilezas dos "objecto construídos e da arquitectura", como as práticas de "estar e viver nos espaços", usando o direito ao futuro e o direito ao imaginário como processos de emancipação e de recusa às narrativas formatadas.

Como observámos em reportagem na ilha de Santiago e na ilha do Fogo, as pessoas vivem muito no espaço público. "Já se viveu mais no espaço público, mas é preciso perceber de que forma é que as grandes cidades se estão a desenvolver. Estamos a ficar com cidades muito fragmentadas, segregadas socialmente e há diferenças de estar no espaço público", explica.

A dupla do Storia da Lugar é também formada pelo artista visual César Schofield Cardoso. Um projecto que trata questões como "a produção de espaço, de justiças sociais, de habitação. Tratar estas questões complexas através de storytelling que se foca nas questões de produção dos espaços, atrás das histórias de pessoas que fazem o dia-a-dia, que fazem o espaço", explic-nos César Schofield Cardoso.

"Como iremos viver juntos?" é o tema da Bienal de Veneza - como representar essa coabitação entre privilegiados, entre ilhas. O projecto surgiu da questão do turismo e da água. "As piscinas dos hotéis poderiam aproveitar as águas cinzentas e pretas, as águas residuais, mas não são aproveitadas por falta de políticas e de trabalho", lamenta.

Cabo Verde tem uma "cultura voltada para a agricultura. Uma vez é uma coisa colonial porque a primeira exploração económica em Cabo Verde era agrícola porque as ilhas eram pontos de abastecimento de frescos dos portugueses", recorda o artista visual.

"Os processos coloniais continuam presentes", aponta César Schofield Cardoso. "O mar é praticamente inexplorado e continua a ser um desconhecido para os cabo-verdianos, tanto a nível dos seus fantasmas como das potencialidades", conclui.

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