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Turquia

Turquia: Istambul no centro das atenções das eleições autárquicas

Mais de 61 milhões de eleitores turcos são chamados às urnas, este domingo, para as eleições autárquicas. Istambul é o centro de todas as atenções, cinco anos depois de o partido do Presidente Recep Tayyip Erdogan ter perdido a cidade para a oposição. Perto da principal cidade curda, Diyarbakir, foram registados confrontos à margem do escrutínio e morreu uma pessoa, tendo 12 ficado feridas.

Mesa de voto em Istambul, na Turquia, em dia de eleições autárquicas. 31 de Março de 2024.
Mesa de voto em Istambul, na Turquia, em dia de eleições autárquicas. 31 de Março de 2024. AFP - YASIN AKGUL
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Nove meses depois das renhidas eleições presidenciais na Turquia, que solidificaram o controlo quase absoluto que Recep Tayyip Erdogan tem sobre o aparelho de Estado, 61 milhões de turcos votam, este domingo, para elegerem 1400 presidentes de câmara.

A votação ocorre depois de uma campanha morna, menos intensa do que é habitual, porque coincide com o Ramadão, mas também porque o resultado não trará nada de novo - a frente de oposição unida que ambicionava derrotar Erdogan no ano passado desmoronou-se após a derrota eleitoral e apresenta-se hoje fragmentada e dividida, competindo entre si para obter os votos do campo anti-Erdogan.

Concorrem a estas eleições 34 partidos políticos. A principal dúvida é se a oposição, que em 2019, na única meia vitória nos últimos 20 anos, venceu na capital, Ancara, e em Istambul, a maior metrópole turca, consegue manter essas duas cidades. O mais provável é que Mansur Yavas, o presidente da câmara de Ancara, da oposição, renove o mandato. Já a reeleição de Ekrem Imamoglu, da esquerda republicana e laica em Istambul, que concorre contra Murat Kurum, um ex-ministro de Erdogan, está mais renhida.

Em 2019, o AKP, partido conservador islâmico do Presidente Erdogan - que governa a Turquia com maioria absoluta desde 2003 – perdeu a cidade de Istambul para a oposição social-democrata do Partido Republicano Popular (CHP). A vitória de Ekrem Imamoglu foi, então, um grande revés para Recep Tayyip Erdogan.

Recep Tayyip Erdogan ambiciona recuperar Istambul porque sabe que a maior cidade turca, com 16 milhões de habitantes, é um trampolim para a política nacional e uma reeleição de Imamoglu poderá dar uma nova vida à oposição e catapultá-lo para a Presidência em 2028. O próprio Erdogan começou a sua carreira política como presidente da camara de Istanbul, nos anos 90, e construiu desde aí o seu aparelho político. A cidade é o motor financeiro, social e cultural da Turquia.

Nas últimas autárquicas, o AKP ganhou 740 municípios contra 240 para o CHP.

As eleições decorrem num contexto de uma grave crise económica, com uma acentuada perda do poder de compra da maioria dos cidadãos, sobretudo reformados. A inflação é de 70%.

As urnas fecham as 17h locais (14h GMT) e os resultados serão conhecidos ainda esta noite.

 

Tensão no sudeste do país

Esta manhã, houve confrontos numa aldeia a 30 quilómetros da cidade curda de Diyarbakir, no sudeste. Fonte do ministério da Saúde confirmou à agência France Presse a morte de uma pessoa e ferimentos em 12. 

Recorde-se que no sudeste do país, 59 dos 65 presidentes da câmara que o partido curdo conseguiu eleger em 2019 foram afastados e substituídos nos últimos quatro anos pelo Governo de Erdogan. Os autarcas foram acusados de associação ao grupo terrorista separatista curdo PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão. O partido curdo concorre agora com um novo nome.

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