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Ucrânia

Destruição e tensão nas imediações de Kharkiv, junto à fronteira com a Rússia

Em Kharkiv, segunda cidade da Ucrânia, são poucos os civis que regressaram às aldeias junto à fronteira com a Rússia. A maioria das casas está destruída e os militares ucranianos ajudam a fazer chegar ajuda humanitária aos poucos que restam nestes lugares onde os russos estiveram durante 6 meses.

Militar ucraniano em cima de um tanque russo destruído na zona de Kharkiv, junto da fronteira com a Rússia, a 19 de Setembro de 2022.
Militar ucraniano em cima de um tanque russo destruído na zona de Kharkiv, junto da fronteira com a Rússia, a 19 de Setembro de 2022. AP - Leo Correa
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São quarenta quilómetros de aldeias arrasadas no caminho para a fronteira. O caminho até à fronteira é acidentado, com muito gelo e neve na estrada, sobretudo quando acaba o alcatrão. Os campos à volta estão minados. Um militar ucraniano conta que um civil morreu no mero acto de recolher um Pinheiro para uma árvore de Natal. 

Em média, apenas pela nossa observação, em cada 100 casas talvez exista uma habitação com gente dentro. Algumas moradias têm já algumas telas protectoras no telhado mas, na maior parte dos casos, são apenas já escombros de casas bombardeadas durante os combates que marcaram os seis meses de ocupação russa. 

A um quilómetro da Rússia, vivem 250 pessoas que recebem ajuda humanitária uma vez por semana. Por razões de segurança, os militares não nos permitem sair para os procurar, quase não se avistam à vista desarmada. O próprio destacamento da defesa territorial ucraniana encaminha alguns mantimentos para essas comunidades.

A reportagem é feita na condição de não serem reveladas localizações e informações que possam revelar posições ao inimigo. Visitámos um dos postos avançados de comando, onde há sala de situação que controla os movimentos junto à fronteira, com recurso a drones e a câmaras especialmente dedicadas. As forças ucranianas de defesa territorial estão alerta 24 horas por dia a monitorizar constantemente a actividade russa. 

Depois de uma explicação inicial, mostram-nos os "troféus" apreendidos aos russos na reconquista do território e logo depois cedem-nos botas especiais para andar no gelo. Seguimos num veículo militar até ao posto militar mais avançado em território ucraniano onde há que caminhar rapidamente até às casernas situadas numa ligeira colina.

"Todos os dias as forças russas desencadeiam 5 a 6 ataques às nossas posições", explica o major do destacamento quando entramos numa dessas trincheiras. Ao fundo, o som de algumas explosões situadas a alguns quilómetros obriga a um passo rápido. Dizem-nos que os ataques podem acontecer a qualquer momento e, na visita aos abrigos da guarnição, tivemos que esperar alguns minutos para cessar uma troca de fogo cruzado entre russos e ucranianos.

Há um jogo do gato e do rato nesta fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Ambas as partes sabem onde estão os inimigos. Mas além da tensão, sobrevive-se com humor e descontracção nas casernas. Há desenhos de crianças nas paredes das casernas, enviados para os militares em serviço na linha da frente. 

O major do destacamento apresenta-se com o nome de guerra "advogado", a profissão civil que abandonou a 24 de Fevereiro do ano passado. Estes soldados são também advogados, cozinheiros, gestores de pequenas empresas que deixaram emprego e família para servir o país.   

A única emoção mais forte surge quando perguntamos pelas suas famílias. Só as vêem de dois em dois meses, na melhor das hipóteses. Mas é por elas que dizem estar ali, numa das muitas linhas da frente, aqui a pouco mais de um quilómetro do território russo.

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