Em Kharkiv, no leste da Ucrânia, a Universidade de Karazin está sempre em alerta
Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia, vive em permanente estado de alerta. Situada a 40 quilómetros da fronteira com a Rússia, nem sempre é fácil travar os mísseis e foguetes lançados pela Rússia. O ataque mais violento das últimas semanas destruiu parcialmente um dos edifícios de uma universidade local, a Beketova, situada aproximadamente a dois quilómetros da maior de todas as escolas superiores da região.
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A Universidade de Karazin foi criada ainda no império russo, sobreviveu a duas guerras mundiais, assistiu à queda da União Soviética e à independência da Ucrânia.
A maior universidade do Leste da Ucrânia vive agora mais uma guerra na sua história. Desta vez, quatro dos seus edifícios foram já bombardeados. Com a fronteira tão próxima, não há condições de segurança para ter aulas presenciais, voltando ao tempo da pandemia.
Toda a operação presencial está concentrada agora apenas na ala central do edifício principal. Uma forma de concentrar o aquecimento, não dispersar electricidade e ter acesso centralizado aos abrigos.
Olena Muradyan, directora da faculdade de sociologia, faz parte da minoria de professores que ainda se dirigem às instalações também por razões de coordenação administrativa. "Temos muitas aulas remotas, mas por vezes temos que nos reunir com outros directores de faculdade e por isso faz sentido vir aqui", diz-nos no seu gabinete que agora alberga mais 4 funcionários administrativos.
A guerra é um assunto que se relaciona muito com os temas abordados nos cursos de Sociologia. A faculdade ainda tem alunos que participam de forma remota a partir dos territórios ucranianos ocupados pela Rússia. "Falar da situação ainda é difícil para muitos, nem toda a gente está preparada para partilhar sua história, até porque há alunos que perderam familiares na guerra", acrescenta esta docente.
No mesmo 4° andar, assistimos a uma aula online de economia com 20 alunos. 20% dos alunos estão no estrangeiro e entram por exemplo a partir da Alemanha. Consideram que, apesar de tudo, as aulas remotas são uma forma de manter contacto com o país natal mas todos sublinham o desejo de voltar a casa o quanto antes.
Sem alunos presenciais, quase sem professores, na mesma circunstância, as escolas são os serviços públicos mais afectados em Kharkiv. A cidade viu regressar mais de 50% da sua população, mas vive no sobressalto constante de um possível ataque aéreo letal com origem na Rússia. Abrindo o mapa da região, apenas as zonas da província mais próximas do Donbass ainda permanecem sob ocupação russa.
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