Liga Árabe deve aprovar plano para a Síria apesar de divisões internas
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, discutiu nesta quinta-feira com os chefes de estado da Liga Árabe que participam de uma reunião de cúpula, em Bagdá, o plano do enviado especial Kofi Annan para por fim à crise síria. Os líderes devem aprovar o plano de paz, mas o regime do presidente Bashar al-Assad já anunciou que não aceitará nenhuma proposta da Liga Árabe.
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Com colaboração de Karina Hermesindo, correspondente da RFI nos Emirados Árabes Unidos,
Os líderes árabes apenas endossaram o plano do enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan. O plano prevê um cessar-fogo imediato, a retirada dos tanques das ruas, a liberação dos presos políticos, a permissão para a entrada de ajuda humanitária e o livre acesso de jornalistas ao país. Mas não pede a renúncia do presidente sírio.
Segundo o primeiro ministro do Iraque, Nouri Al Maliki, não há um consenso entre os membros da Liga Árabe sobre a Síria. Al Maliki é a favor de manter Assad no poder. Já países como Arábia Saudita e Catar, querem que o líder sírio deixe o cargo o mais rápido possível.
De todo modo, Damasco já declarou que não aceitará nenhuma proposta dos países árabes, justamente por ter sido afastado da Liga, em novembro. O regime de Bashar al-Assad pretende negociar com cada país individualmente.
Visita histórica
A cúpula da Liga Árabe também marca a visita histórica a Bagdá do emir do Kuwait, o xeique Sabah Al-Ahmad Al-Sabah. Ele chegou esta manhã ao país cercado por um forte esquema de segurança e foi recebido no aeroporto pelo primeiro-ministro Al-Maliki. Há mais de vinte anos o Iraque não sediava um encontro da Liga. O país estava marginalizado justamente por ter invadido o Kuwait, em 1990.
Ironicamente, o emir participa da cúpula no Palácio republicano, mesmo local onde o ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, o ex-ditador, morto em 2006, tomou a decisão de invadir o Kuwai.
Essa visita representa um passo importante entre as relações do Iraque, hoje governado por um xiita, e os países do golfo pérsico que são dirigidos por monarquias sunitas. É a primeira vez também que um governo xiita sedia uma cúpula da Liga Árabe.
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