Guiné-Bissau: julgamento adiado da tentativa de golpe de Estado ?

O julgamento de 25 dos suspeitos da tentativa de golpe de Estado de 1 de Fevereiro deveria arrancar a 6 de Dezembro no Tribunal regional de Bissau. Porém o advogado de 18 detidos, entre militares e civis, Marcelino Intupé está convencido de que as audiências serão adiadas.

Bissau. Março de 2019. AFP - EMILIE IOB

Ouvido pela agência Lusa Marcelino Intupé, espancado na sua residência a 29 de Novembro passado, alega que essa agressão fazia parte de um plano visando impedi-lo comparecer na sala "de um eventual julgamento", caso este viesse, efectivamente a ocorrer a 6 de Dezembro.

O jurista alega à agência Lusa que as autoridades estariam a envidar esforços para remeter o caso para a justiça militar, situação que poderia vir a retirar credibilidade ao processo e provocar demoras ainda maiores neste caso.

"O Ministério Público, através do novo procurador geral da república, e o presidente do Supremo Tribunal de Justiça e a ministra de justiça e o presidente superior militar fizeram pelo menos duas vezes reunião

para discutir e intimar, digamos assim, juízes para poder transferir este processo para o Tribunal militar.

Quando você faz essa transferência, do ponto de vista legal,  está-me a dizer que todos os elementos de provas recolhidos até aqui vão ser desentranhados, vão ser retirados do processo.

Então significa que investigação vai começar de novo. Aí é que está o risco. Porquê ? Porque se a investigação é retomada de novo isto significa que o Estado Maior vai tentar

atingir aqueles que eventualmente acha ou achou que deviam ser acusados no Ministério Público, mas que não foram acusados pelo Ministério Público… Então aqui um tribunal militar vai ter a possibilidade de acusar todos os elementos que estão supostamente envolvidos no caso de 1 de Fevereiro."