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Ucrânia/Rússia

Ucrânia: Relatos de uma população em fuga, abandonada pela comunidade internacional

Ao segundo dia da ofensiva russa na Ucrânia, as tropas de Moscovo continuam a avançar rumo à capital Kiev. Depois de uma fase inicial de bombardeamentos generalizados um pouco por todo o país, de forma a conquistar superioridade aérea e paralisar as bases militares ucranianas, as tropas russas avançam agora por terra em várias frentes em simultâneo, com especial ênfase às portas de Kiev. 

Milhares de pessoas tentam fugir de Kiev, à procura de refúgio nos países vizinhos.
Milhares de pessoas tentam fugir de Kiev, à procura de refúgio nos países vizinhos. REUTERS - VALENTYN OGIRENKO
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O presidente ucraniano decretou, ontem à noite, a mobilização geral e convocou os soldados na reserva dos 18 aos 60 anos, durante 90 dias, em todas as regiões do país. O decreto de Volodymyr Zelensky mobiliza no total 900.000 pessoas. Resta, agora, saber se as forças na reserva se encontram suficientemente equipadas e treinadas para poderem desempenhar um papel crucial no apoio aos cerca de 200.000 militares ucranianos no activo.

O ataque da Rússia à Ucrânia já provocou mais de 100.000 deslocados segundo das Nações Unidas. Pessoas que fogem das suas casas à procura de refúgio nos países vizinhos como a Moldávia, Roménia e Polónia. 

Demar dos Santos, economista guineense, residente em Kiev, que contactado pela RFI, disse “que estava a conduzir a caminho com a fronteira com a Polónia”. 

 

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Demar dos Santos

 

Com o agravar da situação, Anna Chayka também saiu ontem de Kiev. Em entrevista à RFI, Anna Chayka dá conta de uma população em fuga abandonada pela comunidade internacional: “tomei a decisão de sair e estou a ir para a minha cidade Natal, onde não há ataques”.

Quem tem viatura própria está a tentar sair de Kiev e do país, mas diz Anna Chayka que a situação é complicada na medida em que as filas de automóveis são intermináveis “está tudo cheio de trânsito, está tudo parado”, “o movimento é muito lento”.

Questionada sobre a postura do presidente ucraniano na gestão da crise com a Rússia, Anna Chayka sublinha “uma postura correcta [do presidente ucraniano]. Nós tentamos sempre a via diplomática para resolver e tratar esta situação, mas não conseguimos. Como as tropas russas avançaram e invadiram o nosso território, estamos a defender. Nós não atacamos ninguém, estamos apenas a defender o nosso território e a população”.

Sobre o apoio da comunidade internacional, Anna Chayka refere que se sentem “sozinhos”: “sinto que estamos sozinhos. Há apoio nas redes sociais (…), mas não sentimos cá dentro nenhum apoio. Precisamos de apoio militar”.

Desde a hora em que os primeiros soldados russos entraram em território ucraniano, têm-se multiplicado os comentários contra a guerra. As manifestações ocorreram em mais de 50 cidades do país, sendo a maior registada em Moscovo, cerca de duas mil pessoas foram detidas.

Svieta Azernikova, cidadã russa a viver na ilha da Madeira, em Portugal, disse à RFI que sente vergonha por falar a mesma língua que o Presidente Vladimir Putin.

"Tenho vergonha por falar a mesma língua que um ditador. Estou triste, com muita pena, estou com vergonha. Nós temos uma galeria de arte e a nossa equipa é constituída por ucranianos e russos, trabalhamos juntos há seis anos, sempre vivemos como amigos, agora não consigo olhar para eles, tenho vergonha", confidenciou. 

A Rússia disse esta sexta-feira que está a prepara-se para enviar uma delegação para Minsk para conversações com a Ucrânia. A informação foi avançada, esta sexta-feira, por Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin. Svieta Azernikova afirma que "as palavras de Putin não têm valor. Já ninguém tem confiança no Putin".

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Svieta Azernikova, cidadã russa a viver na ilha da Madeira, em Portugal

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