Presidente Condé adia legislativas e referendo para ficar no poder em Conacri após protestos
O Presidente da Guiné Conacri, Alpha Condé, foi forçado ontem à noite a anunciar o adiamento dos escrutínios previstos para amanhã, o referendo constitucional e eleições legislativas, devido a protestos da oposição e da comunidade internacional. O adiamento de duas semanas, já foi denunciado pela oposição guineense, que exige, uma anulação do referendo para rever a Constituição, um estratagema para um terceiro mandato de Alpha Condé, que com a idade de 82 anos deve demitir-se.
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A oposição na Guiné Conacri não se contenta com o adiamento feito pelo Presidente Alpha Condé do referendo constitucional e das eleições legislativas que estavam previstos para amanhã devido à contestação dos dois escrutínios.
"Tomámos conhecimento de que foram adiados o referendo e as legislativas. Felicitamos o povo guineense que combateu nobremente este golpe de Estado constitucional. No entanto, não estamos satisfeitos com o adiamento", declarou Ibrahima Diallo, um dos responsáveis da FNDC, colectivo de partidos e da sociedade civil que luta contra um eventual terceiro mandato do Presidente Condé.
"Nós vamos continuar a lutar até à retirada completa da revisão da nova Constituição. A luta continua até que Alpha Condé abandone o poder conforme reza a Constituição em vigor que limita o número de mandato presidencial a dois", acrescentou, Diallo.
Ontem à noite, o Presidente Condé, anunciou na rádio e televisão ter "aceito um adiamento, ligeiro, da data das eleições, o referendo e as legislativas".
Não há capitulação porque os escrutínios ocorrerão dentro de duas semanas diz Condé
"Não é nem uma capitulação nem uma debandada", sublinhou, Condé, garantindo, que "o povo da Guiné exprimirá livremente a sua escolha através de um referendo e escolherá livremente os seus deputados".
"Aceitamos o adiamento que deve ser de duas semanas", precisou o Presidente Condé, numa carta endereçada à CEDEAO, Comunidade económicas dos Estados da África do oeste.
Na carta, ainda se pode ler, que a Comissão eleitoral, "vai pedir ao Tribunal constitucional para marcar uma nova data nos limites do prazo indicado", ou seja de duas semanas.
A CEDEAO, assim como a União europeia ou a Organização internacional da Francofonia, emitiram sérias dúvidas quanto à credibilidade dos escrutínios que estavam previstos para amanhã.
Assim, a CEDEAO, anunciou que não enviaria observadores, para acompanhar as eleições, enquanto a União africana retirou a sua missão de observação eleitoral na Guiné Conacri.
Desde outubro que a oposição guineense organizou manifestações monstras em todo o país paralisando as principais cidades com graves consequências para a economia da Guiné Conacri, um dos países mais pobres do planeta.
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