Guerrilha urbana em bairros nobres de Paris e Bordéus
Foi mais um sábado de violência com autênticas cenas de guerrilha urbana nalguns bairros nobres de Paris ou Bordéus nas manifestações de ontem dos coletes amarelos. O forte dispositivo policial disponibilizado para as grandes cidades não conseguiu travar os mais radicais, apesar de ter havido menos violência do que aconteceu há uma semana.
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França inteira tem os olhos postos no Palácio do Eliseu, à espera de um sinal do Presidente Emmanuel Macron, depois de mais um sábado de violência, na capital Paris, mas também, em várias cidades do país.
O dia de ontem correu na calma até ao meio da tarde, durante as manifestações dos coletes amarelos, em toda a França, mas como se temia, foi mais um sábado que acabou na violência.
Apesar do forte dispositivo policial, cerca de 90 mil polícias, o dia terminou, com autênticas cenas de guerrilha urbana, nalguns bairros nobres de Paris e várias outras cidades, como Bordéus, onde o Teatro Victor Hugo, foi incendiado.
Cerca de 136 mil manifestantes do movimento coletes amarelos desceram às ruas das cidades francesas para denunciarem a política fiscal e social do Presidente Macron.
A polícia levou a cabo cerca de 1.723 detenções, das quais 1.220 ainda estão sob custódia e registaram-se 264 feridos nomeadamente 39 entre as forças da ordem.
Os coletes amarelos foram infiltrados por radicais da extrema esquerda dos "Black blocs" e da extrema direita que queimaram carros, destruíram montras, uma agência de viagens, bancos e restaurantes, nos Campos Elíseos, em Paris, mas também em outras artérias de bairros ricos da capital e de outras cidades francesas.
As cenas de violência ocorreram já no fim da tarde e noite dentro, quando a polícia se tinha retirado de muitos desses bairros pensando que tudo tinha sido controlado.
Para tentar evitar acções de guerrilha urbana em pleno coração de Paris, a polícia, levou a cabo várias detenções preventivas, mas os radicais, conseguiram ficar à margem e atacaram em força ao fim do dia provocando imensos prejuízos um pouco por todo o lado, como aconteceu com a danificação do Teatro Victor Hugo, em Bordéus.
A violência de ontem foi menos importante do que a da semana passada, mas aconteceu, apesar dos apelos à calma e no sentido de dissuadir as pessoas a participar nas manifestações.
Críticas ao mutismo do Presidente Macron
É pois neste quadro de revolta popular em França que toda a gente espera pela intervenção na televisão do Presidente, Emmanuel Macron.
Dirigentes da esquerda e da direita, mas também, nas suas próprias fileiras, apelam o chefe de Estado, a intervir com uma mensagem de autoridade mas também de compreensão em relação às reivindicações dos coletes amarelos.
Até agora, o Presidente Macron, sempre disse que compreendia o descontentamento da classe média, mas que não mudaria de política, prosseguindo com as suas reformas.
Contudo, na última semana, teve de fazer algumas concessões, como a anulação da taxa carbono ou os preços dos combustíveis e vai ter de aceder a outras reivindicações, como aumento do poder de compra, se quiser resolver esta crise social e política em França.
Mas certos analistas já dizem que as reformas do Presidente Macron, ficam congeladas e ficará com as mãos atadas até ao fim do seu mandato, sem que se saiba se as manifestações dos coletes amarelos, estudantes, enfermeiros e outras profissões, vão parar.
O sentimento é de que o povo francês vai continuar a denunciar a política de Macron, mesmo que o presidente faça o máximo de concessões, sabendo que há vozes, mesmo políticas, que pedem a sua demissão ou a dissolução da Assembleia nacional, para que haja novas eleições no país.
Guerrilha urbana em bairros nobres de Paris
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