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Angola

Professores do ensino superior angolano retomam a greve por tempo indeterminado

O Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior, SINPES, retomou esta segunda-feira e por tempo indeterminado o movimento de greve que tinha suspendido a 1 de Novembro, na expectativa de negociar com o governo aumentos salariais e a atribuição de seguro de saúde para os professores universitários. Carlinhos Zassala, secretário do SINPES para Luanda e Bengo, explica que apesar do seu sindicato ter apresentado propostas ao executivo, não houve nenhuma contraproposta.

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"Nós retomamos (a greve) porque qualquer processo de greve é um processo negocial. Apresentamos propostas concretas sobre como devem ser os salários dos professores e também apresentamos as razões pelas quais estamos a reivindicar um seguro de saúde. Nós avançamos a proposta e eles (o governo) nunca apresentaram contraproposta. Então, estamos a aguardar esta última ronda negocial para eles nos apresentarem uma contraproposta. Estão sempre a vir com a desculpa de que 'não há dinheiro para satisfazer os sindicatos', motivo pelo qual decidimos iniciar uma greve", começou por explicar o sindicalista.

No passado 1 de Novembro, o SINPES tinha decidido suspender o bloqueio então vigente desde 24 de Outubro de 2022. De acordo com este sindicato, a nível nacional, cerca de 3.400 docentes do ensino superior auferem um salário médio de 373.000 Kwanzas (697 Euros), sendo que o ordenado de um professor catedrático pode chegar aos 593.000 Kwanzas (1.108 Euros).

O aumento dos salários, bem como a atribuição de um seguro de saúde aos professores do ensino superior, fazem parte de um caderno reivindicativo que tem sido reiterado em diversos movimentos de greve do sector nestes últimos anos, sem que os sindicatos tenham recebido uma resposta inteiramente satisfatória.

Ainda recentemente, em comunicado, o SINPES vincou que é “recorrente a morte de vários docentes devido à precariedade na assistência médica e medicamentosa, uma situação relacionada com a "deficiente remuneração” da classe docente, na óptica do sindicato.

"O grande problema é que nos outros sectores, conseguem praticamente dar salários condignos, mas quando chega à classe dos professores é 'porque não' a isso e 'porque não' àquilo", lamenta Carlinhos Zassala. Há "falta de interesse e falta de vontade política e creio que a sociedade angolana já está a entender onde é que está o problema. Creio que não se pode construir uma nação, não se pode desenvolvê-la, menosprezando a classe docente", conclui o professor universitário e sindicalista.

Durante a greve do ano passado entretanto suspensa pelo SINPES, ficou o compromisso de duas das reivindicações dos docentes receberem resposta, nomeadamente no tocante à formação contínua. Segundo declarações do sindicato à imprensa angolana, "310 bolsas de estudo foram previstas, mas ainda há instituições que não foram contempladas". Relativamente aos aumentos salariais e seguros de saúde, a resposta continua pendente.

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