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Angola

Prossegue a greve dos professores em Angola a partir do 6 de Dezembro

O Sindicato dos Professores, SINPROF, apela a uma segunda fase de greve, a partir do dia 6 de Dezembro e durante 10 dias. Apesar de 6 dias de bloqueio no passado mês de Novembro e apesar de ter mantido discussões nestes últimos dias com o ministério da educação para tentar chegar a um acordo sobre o caderno reivindicativo entregue em Outubro de 2019, esta organização representativa dos professores considera que não houve resposta satisfatória.

O Sindicato Nacional dos Professores de Angola apela a uma nova paralisação a partir do dia 6 de Dezembro de 2022.
O Sindicato Nacional dos Professores de Angola apela a uma nova paralisação a partir do dia 6 de Dezembro de 2022. © Francisco Paulo / RFI
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Depois de 6 dias de greve, entre os dias 23 e 30 de Novembro, o bloqueio convocado pelo SINPROF foi suspenso na quinta-feira. Esta suspensão deveria contudo ser de curta duração, uma vez que o sindicato dos professores apela a uma nova paralisação já a partir da próxima terça-feira até ao dia 16 de Dezembro, depois de novos contactos infrutíferos com a entidade patronal.

Na mesa das conversações está um caderno de reivindicações datando de 2019 que abrange as modalidades de progressão de carreira, subsídios e condições de trabalho, como recorda João Francisco, secretário provincial do SINPROF na Huíla, no sul de Angola.

"Nós reclamamos essencialmente a tabela remuneratória. Fizemos uma proposta de tabela remuneratória. Também estamos a reclamar o subsídio de isolamento. Reclamamos igualmente o uso obrigatório da bata. Estamos a reclamar a distribuição equitativa e de forma extensiva da merenda escolar a todas as crianças. Na nossa região, a reclamação é maior. Estamos localizados numa região onde há seca todos os anos. Como consequência, a fome aperta não só as crianças, como também os pais. O que se tem verificado é que são seleccionadas algumas escolas apenas que têm direito à merenda escolar. Por outro lado, reclamamos também a conclusão do processo de promoções que começou no ano passado", refere o sindicalista.

Ao dar conta da decepção dos professores relativamente ao resultado dos contactos mantidos até ao momento como o governo, João Francisco mostra-se particularmente crítico em relação ao presidente angolano. "Os professores também aqui na nossa província estão desgastados com o silêncio do titular do poder executivo. O nosso poder aqui é unipessoal. Cabe ao presidente da República vir a público dizer alguma coisa que acalente a alma dos professores (...) Não compreendemos como é que o presidente da República, que tem na sua agenda a educação como sendo uma das suas prioridades, até agora não disse nada", lamenta o sindicalista.

Refira-se que no passado dia 30 de Novembro, o presidente do sindicato, Guilherme Silva recordou que a segunda fase de greve coincide com o início das provas do primeiro trimestre. “Não é nossa intenção prejudicar as nossas crianças e os nossos jovens, filhas e filhos de pessoas como nós, professores, que nem sempre temos o que comer ou dar de comer aos filhos. Porém, não podemos continuar a permitir que a condição do professor continue como está. Caberá ao Ministério da Educação evitar que se chegue a uma situação que comprometa a continuação do ano lectivo”, declarou o responsável.

Neste mesmo pronunciamento público, o presidente do SINPROF anunciou igualmente que vai submeter à Organização Internacional do Trabalho (OIT) provas de ameaças de que terão sido alvo os docentes que aderiram à greve. Ao referir que docentes são ameaçados com faltas e que recebem chamadas para que “regressem à escola à força”, Guilherme Silva considerou que "neste momento se vive um terror psicológico de Cabinda ao Cunene, do Luau ao Lobito, no seio dos professores".

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