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França / Níger

Chefe da diplomacia francesa exorta ao regresso do PR Bazoum ao poder no Níger

Decorre desde ontem e ainda até esta quarta-feira no palácio do Eliseu em Paris, a conferência anual dos embaixadores. Depois de o Presidente Macron ter vincado que o embaixador francês não vai sair do Níger, apesar de a junta militar ter exigido a sua saída, hoje foi a vez da chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, de exortar ao regresso do Presidente Bazoum ao poder.

Catherine Colonna, ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, na conferência anual de embaixadores neste dia 29 de Agosto de 2023, em Paris.
Catherine Colonna, ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, na conferência anual de embaixadores neste dia 29 de Agosto de 2023, em Paris. © Captura de ecrã
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"Se denunciamos o golpe de Estado no Níger, é porque por trás dos biombos de +boa governação+ e +salvação da pátria+, não há nada além da negação da democracia", explicou. "Por vezes, é preciso voltar a realidades simples: não há golpistas democratas, como ontem não havia talibãs moderados", disse a governante.

"No Níger, aqueles que estão ao serviço das autoridades legítimas, optaram cinicamente por usurpar o poder e por sequestrar o Presidente eleito democraticamente. Nada de bom pode advir de uma traição dessas. Já o vemos, já fazemos a triste constatação disso, com a degradação da segurança neste país. Ontem, os jihadistas estavam a perder terreno. Agora, multiplicam os ataques e exibem orgulhosamente as suas vitórias", insistiu Catherine Colonna.

"A França assume plenamente estar a preconizar uma solução exigente, aquela do regresso completo à ordem constitucional com o Presidente Bazoum. Fazemo-lo apesar de alguns hesitarem, talvez por espírito de contradição relativamente aos valores democráticos que apregoam. Nós fazemo-lo por fidelidade a estes princípios democráticos e também porque a via aberta por esse golpe é aquela do desastre garantido, do risco de derrocada em termos de segurança na África do oeste, do agravamento da crise económica e social, e isto nesta África que é nossa vizinha imediata" argumentou a governante.

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Ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna

Refira-se neste sentido que também nesta terça-feira, as Nações Unidas indicaram que a crise política no Níger e as sanções impostas na sequência do golpe correm o risco de ter efeitos humanitários "catastróficos". Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), o recrudescimento da violência no país desde o golpe de Estado, provocaram mais de 20 mil deslocados e aumentaram de 50% os chamados incidentes de "proteção", como sequestros, violência de género e violência doméstica, nos cinco dias subsequentes ao golpe.

Catherine Colonna optimista quanto ao futuro da França em África

Apesar deste contexto de recuo da França em vários países da África ocidental, não só no Níger nestes último tempos, como também no Mali de onde foi instada a retirar as suas tropas no ano passado, a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros declarou-se "convencida de que as relações entre a França e os países africanos têm um grande futuro pela frente".

Na óptica de Catherine Colonna, "a instrumentalização populista do discurso anti-francês aqui e ali não deve ocultar a qualidade e a força das nossas relações na imensa maioria dos casos".

Após enumerar os trunfos da França neste continente "em plena emergência", citando o know-how das empresas francesas, "a excelência" das suas universidades, "a criatividade" em matéria cultural ou ainda o dinamismo da sua juventude, a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros sublinhou ainda que os países africanos são "parceiros incontornáveis para enfrentar os numerosos desafios comuns" acrescentando que a França defende a integração da União Africana no grupo G20, bem como um lugar maior para a África no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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