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Líbia

Líbia: um país sempre adiado às voltas com um caos permanente

A Líbia voltou a ser palco, nos últimos dias, de confrontos violentos entre milícias de Tripoli, a capital. Mais de 30 pessoas morreram num país marcado há mais de uma década pela divisão entre o Leste e o Oeste. Um conflito ainda mais esquecido do que no passado, com os holofotes a se manterem na invasão russa da Ucrânia.

Tanques do exército líbio, fiéis a Adbelhamid Ddeibah, junto à zona de combates em Tripoli a 27 de Agosto de 2022.
Tanques do exército líbio, fiéis a Adbelhamid Ddeibah, junto à zona de combates em Tripoli a 27 de Agosto de 2022. © AYMAN AL-SAHILI/REUTERS
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O governo interino de Abdelhamid Dbeibah, baseado desde há um ano em Tripoli, no Oeste, é fruto de um processo de paz apadrinhado pela ONU para unificar o país, ele devia ter organizado eleições presidenciais e legislativas em Dezembro passado, o que não veio a acontecer.

Considerando que o mandato de Dbeibah expirou, o parlamento baseado no leste designou em Fevereiro Fathi Bachagha para o cargo de primeiro-ministro, uma área sob controlo do marechal Khalifa Haftar.

Porém Dbeibah recusa deixar o cargo até haver um governo saído das urnas.

As milícias armadas vão fazendo reinar a sua ordem no caos líbio, 11 anos volvidos após a morte de Muamar Kahdafi após uma revolta popular apoiada por uma intervenção internacional controversa.

Ivo Sobral é especialista do mundo árabe baseado em Abu Dhabi ele explicou-nos qual a génese desta nova vaga de violência.

"Começou com uma revolta civil de uma província, a província mais pobre do Sul da Líbia, Fezzan. Curiosamente a província mais rica, também, em termos de petróleo e de gás. E os dividendos do petróleo da Líbia nunca foram divididos pela população que é a raíz desta instabilidade muito recente começou deste problema.

A Líbia, basicamente, não é um país. É uma colecção de pequenos grupos e cidades rivais. Esta província, Fezzan, no Sul, nem sequer tem infra-estruturas normais com coisas como um hospital, energia eléctrica, água corrente. Foi a faísca que iniciou este incêndio. 

Agora o problema é um problema de muito pior resolução, de difícil resolução que este simples evento que despoletou esta instabilidade. Temos aqui um impasse tradicional da Líbia que nos habituámos a ver nos últimos 10 anos, onde as milícias, apoiadas por estas duas facções, começaram, de facto, uma série de acções muito violentas na Líbia, várias dezenas de mortos e centenas de feridos."

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Ivo Sobral, especialista do mundo árabe, baseado em Abu Dhabi, 30/8/2022

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