Argélia: Manifestantes não acreditam na transição
Na Argélia as manifestações intensificaram-se nesta sexta-feira em todo o país. Os manifestantes não acreditam na transição proposta, quer seja com Bouteflika ou com os militares.
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A contestação da população argelina não se acalmou nesta sexta-feira apesar dos apoiantes ao actual Presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, terem abandonado o chefe de Estado.
A semana ficou marcada pelas declarações do chefe de Estado-Maior da Argélia, o general Ahmed Gaid Salah, que pediu que o Presidente Abdelaziz Bouteflika seja declarado inapto para exercer as suas funções devido à sua "doença grave e duradoura", ou que renuncie por vontade própria.
Com esta tomada de posição, o chefe do Estado-Maior do exército argelino pediu para dar início ao procedimento previsto pelo artigo número 102 da Constituição.
Artigo que prevê que o parlamento, sob proposta do Conselho Constitucional, declare, por maioria de dois terços, "o estado de impedimento" quando "o Presidente da República, em virtude de doença grave e duradoura, é totalmente incapaz de desempenhar as suas funções".
No entanto o Presidente Abdelaziz Bouteflika e o seu “clã” não querem deixar o poder e querem continuar até à transição prevista para o fim do ano ou início do próximo ano de 2020 com as eleições Presidenciais.
Além dos manifestantes, dos militares e do clã “Bouteflika”, as grandes potências internacionais também não estão interessadas em que os militares recuperem o poder em caso de incapacidade de Bouteflika, apostando mais em mudanças geracionais como aconteceu nos outros países do Magrebe.
Em entrevista à RFI, Raúl Braga Pires, especialista do norte de África, admitiu que o desejo das grandes potências internacionais é que haja uma mudança geracional, isto apesar da presença no terreno dos militares e do clã Bouteflika.
Raúl Braga Pires, especialista do norte de África
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