Argélia: Bouteflika afastado do poder pelos militares
Abdelaziz Bouteflika, Presidente da Argélia, perdeu o seu principal apoio, os militares. A contestação continua nas ruas argelinas, mas até esta terça-feira os militares não tomavam posição.
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O chefe de Estado-Maior da Argélia, o general Ahmed Gaid Salah, pediu num discurso na televisão que o presidente Abdelaziz Bouteflika seja declarado inapto para exercer as suas funções devido à sua "doença grave e duradoura", ou que renuncie por vontade própria.
O anúncio acontece após um mês de protestos populares contra a intenção de Abdelaziz Bouteflika em se candidatar um quinto mandato. No entanto, face às manifestações, o actual presidente renunciou a candidatar-se novamente.
O Presidente argelino quer manter-se na Presidência até à transição, mas a contestação continua exigindo a sua saída imediata.
Com a tomada de posição, o chefe do Estado-Maior do exército argelino pediu para dar início ao procedimento previsto pelo artigo número 102 da Constituição.
Artigo que prevê que o parlamento, sob proposta do Conselho Constitucional, declare, por maioria de dois terços, "o estado de impedimento" quando "o Presidente da República, em virtude de doença grave e duradoura, é totalmente incapaz de desempenhar as suas funções".
O partido do Presidente Abdelaziz Bouteflika considerou que a proposta do chefe de Estado era "a melhor".
Em entrevista à RFI, Raúl Braga Pires, especialista do norte de África, admitiu que o Estado Maior tomou posição mas acredita que Bouteflika vai ficar até às próximas eleições.
Raúl Braga Pires, especialista em assuntos do Norte de África
De notar ainda que a FLN - Frente de Libertação Nacional - se juntou aos militares, pedindo que o Presidente argelino seja destituído.
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