Pintora portuguesa Vieira da Silva alvo de grande exposição em França

O Museu Cantini de Marselha, sul de França, acolhe até 6 de Novembro uma exposição da portuguesa Maria Helena Vieira da Silva.A pintora, falecida em Paris há 30 anos, foi das artistas lusas com maior projecção internacional. Mais de 80 telas ilustram as etapas principais da sua carreira.

Obras de Vieira da Silva no Museu Cantini de Marselha em Junho de 2022. © rfi/Miguel Martins

A exposição "Vieira da Silva: l'oei du labyrinthe" (O olho do labirinto) passará também pelo Museu de belas artes de Dijon, leste da França, e insere-se na Temporada França/Portugal 2022.

O evento foi concebido com a galeria parisiense Jeanne Bucher Jaeger e contou com financiamentos da Fundação Calouste Gulbenkian, por forma a promover a arte portuguesa junto de instituições francesas.

A exposição inclui algumas obras feitas após a estada da artista em Marselha na primavera de 1931, com o marido, o pintor judeu húngaro Árpád Szenes, cidade francesa que ela qualificou como sendo "maravilhosa", tendo pintado a "Ponte transportadora" (entretanto desmantelado) ou os armazéns do bairro de Joliette.

A pintora, nascida em Lisboa, em 1908, formou-se em Belas artes na capital portuguesa, tendo-se radicado em Paris com apenas 20 anos. Após ter começado uma formação de escultura opta pela pintura e frequenta figuras como Fernand Léger, ligadas ao cubismo.

Acaba por ter que partir para o Brasil devido à II Guerra Mundial, na companhia do esposo. O casal voltaria a Paris em 1947.

A obra de Vieira da Silva é, sobretudo, conhecida pela abstração, embora também tenha algumas facetas figurativas.

Pontes, cidades, estações de caminhos de ferro, bibliotecas ou tabuleiros de xadrez foram temas da sua predilecção, muitas vezes evocando também atmosferas musicais de que ela era grande apreciadora.

As obras aqui expostas vêm de colecções prestigiosas de França (caso do Centre Pompidou - Musée national d'art moderne), Portugal (como a Fundação Árpád Szenes - Vieira da Silva e da Fundação Calouste Gulbenkian) e da Suíça (Fondation Gandur pour l'art).