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"É necessário um cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza

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10 dias após os ataques do Hamas a Israel que levaram a uma das maiores ofensivas israelitas nas últimas décadas contra a Faixa de Gaza e a morte de milhares de pessoas dos dois lados, é urgente "um cessar-fogo imediato" e que se deixe passar a ajuda humanitária aos palestinianos, defende a investigadora Giulia Daniele.

Os bombardeamentos continuam na Faixa de Gaza.
Os bombardeamentos continuam na Faixa de Gaza. REUTERS - STRINGER
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Há 10 dias que a escalada de violência entre Israel e a Palestina está a colocar novamente o foco da atenção da comunidade internacional no Médio Oriente, com mais de quatro mil mortos dois lados do conflito e uma ofensiva militar israelita a decorrer no Norte da Faixa de Gaza. O conflito está agora a alastrar-se também ao Líbano e ao Irão, com Joe Biden, Presidente norte-americano, a visitar Israel e a Jordânia já amanhã para tentar encontrar uma solução para esta guerra.

Giulia Daniele, Professora Auxiliar Convidada do ISCTE, em Portugal, que acompanha este conflito no terreno desde 2005, considera que é imperativa a intervenção da comunidade internacional para assegurar um cessar fogo e a passagem da ajuda humanitária enviada pelas Nações Unidas e actualmente bloqueada às portas da Faixa de Gaza.

"É necessário por parte da comunidade internacional um cessar-fogo imediato e outra coisa ainda mais importante para os civis palestinianos é a entrada da ajuda humanitária que neste momento está à espera em Rafa para entrar na Faixa de Gaza e ajudar com medicamentos, comida e tudo que é necessário para a vida das pessoas. Tem de entrar imediatamente", defendeu a investigadora.

Para Giulia Daniele esta actual escalada de violência é "uma continuação" do que se vive na região há várias décadas.

"Estamos numa continuação do que está a acontecer há 75 anos. Isto é uma escala de violência, tensão e morte, mas faz parte de um processo de violação dos direitos humanos e de limpeza étnica que decorre há 75 anos. As imagens destes últimos dias lembram muito o que aconteceu 1948 e 1949 durante a Nakba [o êxodo forçado dos palestinianos após a criação do estado de Israel], logo após a criação do Estado de Israel quando dezenas de milhares pessoas foram forçados a deixar as suas casas e terras e isso continua a acontecer agora do Norte para o Sul da Faixa de Gaza", declarou.

Joe Biden visita amanhã Israel e a Jordânia para tentar encontrar uma solução para a escalada de violência no Médio Oriente que dura há 10 dias, depois de ter dito que Israel tinha todo o direito de se defender. Para Giulia Daniele, Professora Auxiliar Convidada do ISCTE, em Portugal, esta visita vai servir para o Presidente norte-americano apaziguar as críticas a nível interno.

"Biden apoiou completamente Israel, falou do direito de defesa de Israel, continua a apoiar, mas começa a perceber que o que está a acontecer pode ser muito grave a nível internacional, mas também dentro do debate do partido Democrata e este ano temos eleições nos Estados Unidos em 2024, então a relação entre política nacional e política interna é algo que temos de ter em conta", analisou.

Com Israel a bombardear o Líbano e o Irão a alertar para uma possível “acção preventiva” contra Israel nas próximas horas, este é um conflito que se estende a todo o Médio Oriente.

"Este conflito não tem só como foco a Faixa de Gaza, também a Cisjordânia está a explodir, há muitos mortos e detidos, especialmente jovens palestinianos. Também o Líbano e o Irão vão ser actores importantes, com o Líbano a responder aos ataques israelitas e com o Irão a já ter dito muitas vezes que com uma possível invasão terrestre da Faixa de Gaza vai agir contra Israel", indicou a professora universitária.

Quanto aos consecutivos ataques terroristas a que se tem assistido nos últimos dias no Estados Unidos, onde um menino muçulmano de seis anos foi morto, em França, onde um professor foi morto, ou na Bélgica onde dois adeptos suecos foram mortos, Giulia Daniele alerta que se trata de fenómenos diferentes.

"É preciso ter muito cuidado porque estamos a falar de fenómenos diferentes, estamos a falar de uma reacção nacional quando falamos do que aconteceu em França, na Bélgica e nos Estados Unidos, mas quando falamos do Hamas falamos de tentar continuar uma luta que pode ser violenta para combater a ocupação militar de Israel", concluiu.

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