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França enfrenta “inflação generalizada” e “vai ser difícil” travá-la

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A inflação em França, que era muitas vezes apresentada como a mais baixa da Europa, é agora uma das mais elevadas da zona euro. Que perspectivas e até quando esta inflação generalizada nos alimentos, na energia, nos combustíveis e nos serviços? O economista Bruno de Moura Fernandes avisa que estamos perante uma “inflação persistente”, não só em França, e que vai ser difícil travá-la nos próximos tempos.

Voluntários da associação "Les Restos du Coeur". Paris, 21 de Março de 2023.
Voluntários da associação "Les Restos du Coeur". Paris, 21 de Março de 2023. © Christophe ARCHAMBAULT / AFP
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Em França, os preços dos bens alimentícios aumentaram 11,1% em Agosto, relativamente ao ano passado, e em Julho aumentaram 12,7%. A associação francesa Les Restos du Cœur, que garante 35% da ajuda alimentar em França, avisou que vai ter de reduzir o número de beneficiários por causa de um “aumento muito importante” do número de pessoas que precisam de ajuda e do “aumento dos seus custos” devido à inflação… O alerta foi seguido pelo anúncio do governo de que vai desbloquear 15 milhões de euros em ajudas suplementares para a associação.

De uma forma geral, em Agosto, a inflação em França foi de 5,7% contra 5,3% na zona euro [de acordo com o índice de preços no consumidor do Banco Central Europeu (IPCH), ainda que o Instituto de Estatística Insee aponte para uma inflação em Agosto de 4,8%]. O que explica o aumento dos preços dos alimentos e a inflação generalizada que se verifica em França, um país que era conhecido por ter habitualmente a inflação mais baixa da Europa? Quando é que a inflação vai diminuir e como é que o executivo francês está a responder? É o que tentamos perceber com o economista Bruno de Moura Fernandes que explica que estamos perante uma “inflação persistente”, não só em França, e que “vai ser difícil” travá-la nos próximos tempos porque ela “já se generalizou”.

O economista acrescenta que as medidas mais recentes anunciadas pelo governo francês não terão um impacto decisivo sobre o poder de compra das famílias. Em causa, o anúncio, na quinta-feira, pelo ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, de um acordo global entre a agro-indústria e a distribuição, com o objectivo de “parar definitivamente a espiral dos preços alimentares”. O acordo prevê que, até ao final do ano, os preços de 5.000 referências de produtos "parem de aumentar ou baixem". Por outro lado, o ministro avançou a abertura antecipada de negociações entre os 75 maiores grupos industriais e os seus clientes da distribuição e que estas deverão estar “concluídas no início de 2024”. No entender de Bruno de Moura Fernandes estas medidas vão ter apenas impacto pontual porque o que conta é mesmo a política monetária do Banco Central Europeu e a dinâmica dos preços da energia nos mercados internacionais.

Oiça a entrevista neste programa.

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