Acesso ao principal conteúdo
Convidado

Angola: Como justificar a violência no Cafunfo?

Publicado a:

A igreja católica angolana denunciou, esta segunda-feira, o "grave massacre" de manifestantes defensores da causa do Protectorado Português da Lunda de Tchokwe, este fim-de-semana, na localidade de Cafunfo, na Lunda Norte. Nas redes sociais, vários bispos católicos angolanos que integram a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé condenaram as mortes dos manifestantes pela polícia.

Mapa da Lunda Norte e Sul
Mapa da Lunda Norte e Sul DR
Publicidade

As autoridades policiais alegam que mataram seis indivíduos que tentaram invadir uma esquadra no Cafunfo, na Lunda Norte, como explicou à RFI o comandante-geral da polícia Nacional de Angola, Paulo Almeida.

"Foi um grupo de indivíduos que tentou invadir a nossa esquadra da vila do Cafunfo e que pretendiam ocupá-la, retirar a bandeira e içar a sua bandeira. Posteriormente pretendiam seguir para a administração para fazer o mesmo e, segundo eles, terem o controla da vila do Cafunfo. Quatro pessoas perderam a vida durante o confronto, da tentativa de ocupação. No dia seguinte, dos feridos que resultaram, morreram mais dois", explicou. 

Paulo Almeida fala num acto de rebeldia e garante que os indivíduos que tentaram invadir a esquadra estavam fortemente armados.

"O que houve foi um acto de rebeldia, não foi uma manifestação. Às quatro horas da manhã não se fazem manifestações. Numa manifestação não vão para atacar, não levam armas, mesmo de arremesso, nem meios contundentes, armas de caça e outras de guerra", garantiu.

A versão é contrariada pelo presidente do Movimento do Protectorado Português da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, que fala em mais de 15 mortos e reitera que se tratou de uma manifestação pacífica para exigir a autonomia da Lunda Norte. 

"As pessoas não tinham armas, aquilo é mentira da polícia (...) Mais de 15 pessoas foram mortas e há de 20 pessoas feridas. Nós saímos à rua para exigir a autonomia da Lunda do governo de Angola. Aqui há miséria, há desgraça. É a segunda economia de Angola e é a parte pior do [país]. Não há hospitais, medicamentos não existem, não há estradas, não há desenvolvimento nenhum. É preciso um governo regional com capacidade de desenvolvimento", referiu. 

José Mateus Zecamutchima lançou um apelo à União Europeia para convencer o governo de Angola a sentar-se à mesa de negociações com o Movimento do Protectorado Português da Lunda Tchokwe. 

A União Europeia ainda tem peso suficiente para dizer a Angola e à Lunda para se sentarem [na mesa das negociações]. Queremos apoio, queremos essa mediação. A União Europeia não pode virar costas e aparecer amanha, tipo bombeiro, quando a casa já pegou fogo, quando podemos resolver esse problema agora", concluiu. 

Em Angola multiplicam-se as condenações aos incidentes ocorridos no sábado em Cafunfo, na Lunda Norte, e que provocaram vários mortos. A UNITA e a coligação CASA-CE exigem um inquérito parlamentar. A ONG de defesa dos direitos humanos OMUNGA falou em “massacre” e a Human Rights Watch e a Friends of Angola instaram as autoridades a abrir um inquérito para levar à justiça os responsáveis pela violação dos direitos humanos e liberdade de expressão, de manifestantes na província da Lunda Norte.

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Ver os demais episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.