Acesso ao principal conteúdo
Artes

"Lobo e Cão": Juventude queer dos Açores nas salas francesas

Publicado a:

“Lobo e Cão", o mais recente filme da realizadora portuguesa Cláudia Varejão, chegou esta quarta-feira, 12 de Abril, às salas francesas. A primeira ficção da cineasta conta histórias de adolescentes queers, através de actores não profissionais, inspiradas na vida dos jovens da ilha de São Miguel, nos Açores.

Cláudia Varejão, realizadora de "Lobo e Cão".
Cláudia Varejão, realizadora de "Lobo e Cão". © RFI/Lígia Anjos
Publicidade

Cláudia Varejão filma uma juventude açoriana entre as tradições familiares e a comunidade queer. "Lobo e Cão" foi rodado na ilha de São Miguel e retrata as tradições, o conservadorismo, a forte presença da religião e uma natureza deslumbrante.

"Fazer um filme são muitas emoções juntas", afirma a realizadora. A curiosidade e o desejo de protecção foram os sentimentos de ponto de partida do projecto "Lobo e Cão". "Foi uma explosão de sentimentos, de emoções. Nos primeiros dias, semanas em que estive na ilha de São Miguel, onde o filme se passa e é rodado, senti muita curiosidade pela vida, sobretudo, pelos mais jovens neste contexto insular", descreve-nos Cláudia Varejão.

"É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós", escrevia José Saramago. Cláudia Varejão põe os sonhos à prova; "a ideia de que sendo pobre se cresce com passos atrás de alguém que nasce num contexto burguês, de como isso pode definir os sonhos ou a trajectória de vida", condicionando a possibilidade de "atravessar o mar, a linha do horizonte". "A natureza impõe limites, mas também aponta o olhar para uma liberdade sem fim. A linha do horizonte constrange e, ao mesmo tempo, convoca-nos a atravessá-la. Aquilo que este mar, sem fim, nos mostra é que não há fim para a vida, não há fim para desejarmos ser quem queremos ser, não há fim para a viagem", descreve.

O filme durou cinco anos, foi escrito, pensado e sentido com a população da ilha de São Miguel. Durante a pandemia, a realizadora recebeu centenas de candidaturas para o casting do filme. O início do projecto foi vivido com os jovens, "à medida que me fui sentando com os jovens e os fui ouvindo, percebi que estava diante de uma população com muitos sofrimentos. Ser adolescente é isto, mas ser adolescente, queer, com identidade e expressão de género e de orientações sexuais que saem fora da norma, do centro social traz muito sofrimento, mais ainda num contexto insular porque todos se conhecem", conta Cláudia Varejão.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Ver os demais episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.