Cimeira de Granada: Zelensky tece alerta sobre enfraquecimento do apoio ocidental
Cerca de 50 dirigentes da Comunidade Política Europeia estão reunidos em Granada, no sul de Espanha, para evocar nomeadamente a questão da Ucrânia, numa altura em que pairam dúvidas sobre a possibilidade de os Estados Unidos continuarem a apoiar Kiev, depois de um acordo orçamental obtido in extremis há dias em Washington, ter deixado de parte -para já- a ajuda à Ucrânia.
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As incertezas sobre a continuação da ajuda do país que mais armas fornece a Kiev está no centro das atenções na cimeira de Granada. "A Europa aumenta a sua ajuda, mas será que a Europa poderá preencher o vazio deixado pelos Estados Unidos? Evidentemente, a Europa não pode substituir os Estados Unidos", foi o que declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, à sua chegada a Granada.
No mesmo sentido, o Presidente ucraniano -também presente neste encontro- não escondeu alguma preocupação, mas ressalvou que se trata de um "período eleitoral difícil nos Estados Unidos" a um ano das presidenciais e que têm surgido "vozes discordantes" sobre a ajuda à Ucrânia, mas que ele mantém a sua "confiança na América".
O Presidente ucraniano não deixou contudo de alertar os líderes europeus de que a Rússia poderia reconstituir as suas capacidades militares e atacar outros países nos próximos cinco anos se o continente diminuísse a ajuda que tem fornecido até agora a Kiev.
Na ementa da cimeira da Comunidade Política Europeia também figura a questão do Nagorno Karabakh, mas a ausência do Presidente do Azerbaijão e também do seu homólogo turco comprometeram eventuais avanços nesta matéria durante este encontro, muito embora um conselheiro do Presidente do Azerbaijão tenha indicado hoje que o seu país estava disposto a encetar conversações com a Arménia sob a égide da União Europeia, depois de Baku ter derrotado militarmente Erevan no Karabakh.
Noutra vertente, igualmente em cima da mesa está a reforma da política migratória da Europa, um dossier bloqueado desde 2020 e sobre o qual a Itália -um dos principais pontos de chegada de migrantes- tem reclamado avanços. Na quarta-feira, Bruxelas anunciou um consenso sobre um texto-chave desta reforma que deverá ainda ser submetido aos dirigentes dos 27 em Granada. Mas a dez dias das legislativas na Polónia, o executivo ultraconservador daquele país, disse desde já que recusa um "diktat" de Bruxelas e Berlim nesta matéria.
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