Ucrânia: Rússia bombardeia Odessa em retaliação ao ataque à ponte da Crimeia
Durante a noite de segunda-feira o exército russo bombardeou massivamente o porto de Odessa, no sul da Ucrânia, como forma de retaliação ao ataque ucraniano contra a ponte da Crimeia. Este ataque afasta, desde já, a renovação imediata do acordo de exportação de cereais através do Mar Negro. Enquanto Kiev diz que pode continuar o acordo sem a Rússia, Moscovo pretende escoar os cereais para os países que necessitem, nomeadamente no continente africano.
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Na sequência do ataque ucraniano à ponte de Odessa, Vladimir Dzhabarov, primeiro vice-presidente do Comité do Conselho da Federação para os Assuntos Internacionais, afirmou que a Ucrânia deveria ser privada do acesso ao Mar Negro e pediu que Odessa e Nikolaev voltem a ser regiões russas.
Durante a noite de segunda-feira o exército russo bombardeou massivamente o porto de Odessa. Canais de comunicação ucranianos informam que esta manobra era esperada, e que posicionaram sistemas de defesa em locais estratégicos. Também foram atingidas infra-estructuras de energia, que provocaram apagões e cortes de energia na região durante a noite. Nikolaev e Okachov foram atacadas pela Rússia.
Na madrugada de terça-feira, a defesa aérea ucraniana foi activada na região de Odessa, no sul do país, onde três portos faziam parte do acordo de exportação de cereais, informaram as autoridades locais.
O alto representante da administração militar ucraniana em Odessa, Sergei Bratchuk, informou que o ataque foi efectuado com recurso a seis mísseis Kalibr que foram disparados desde o mar Negro, que teriam sido abatidos. Os destroços dos mísseis abatidos e as “explosões" das intercepções "causaram danos em objectos das infra-estruturas portuárias e em várias casas", detalhou.
De acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, o tenente-general Igor Konashenkov, esta operação foi uma retaliação ao ataque contra a ponte de Kerch, que liga a Rússia à Península da Crimeia, na madrugada de segunda-feira.
"Ontem à noite, as Forças Armadas russas realizaram um ataque múltiplo de retaliação com armas marítimas de alta precisão contra os locais onde os ataques terroristas estavam a ser planeados contra a Federação Russa com o uso de barcos drones, e contra o local da sua produção, numa fábrica de reparação naval na área do porto de Odessa"
O representante também afirma que além disso, as forças russas destruíram as instalações que armazenavam cerca de 70.000 toneladas de combustível para o equipamento militar ucraniano nas áreas das cidades de Nikolaev e Odessa. "Todos os alvos destacados para o ataque foram destruídos. Foram registados incêndios e detonações nos locais destruídos", sublinhou o porta-voz.
Esta situação agrava a questão do acordo de exportação de cereais através do Mar Negro, acordo este que terminou oficialmente na segunda-feira e Moscovo decidiu não renovar. Em reacção a esta decisão, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que “ninguém tem o direito de destruir e ameaçar a segurança alimentar de qualquer nação” e que o “mundo tem a oportunidade de mostrar à Rússia que não permite chantagens”. Esta questão dos cereais é uma prioridade para Kiev, segundo consta o mandatário.
The number one issue on the agenda of today's Staff meeting is grain exports by sea and port security. Deputy Prime Minister Kubrakov and Naval Forces Commander Neizhpapa reported on supply logistics and the protection of the coastal region.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) July 18, 2023
There were reports by Minister…
Este acordo não foi assinado directamente entre Kiev e Moscovo. Ambas capitais assinaram paralelamente com a Turquia e as Nações Unidas. Na sequência deste ataque à ponte da Crimeia, o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan afirmou que Vladimir Putin pretende continuar com o acordo.
Esta manhã os chefes da diplomacia turca e russa conversaram ao telefone a respeito dos últimos acontecimentos. O Kremlin afirma que a Rússia está pronta para disponibilizar os cereais para os países necessitados, nomeadamente em África, segundo avança o porta-voz Dmitry Peskov. “Os fornecimentos de cereais da Rússia a África serão discutidos numa cimeira a realizar no final de Julho”, acrescentou.
Moscovo acusa activamente o regime ucraniano de utilizar os corredores destacados para este acordo de cereais para propósitos militares.
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