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Violência

António Guterres diz que Haiti "está preso num pesadelo"

Dois anos após o assassinato brutal do Presidente Jovenel Moïse, o Haiti atravessa uma grave crise de segurança, com António Guterres a dizer que o país está preso num pesadelo e o gabinete das Nações Unidas no terreno a anunciar que nos últimos três meses já morreram 250 pessoas através da justiça popular.

Um polícia refugia-se durante uma operação anti-gangues no Haiti.
Um polícia refugia-se durante uma operação anti-gangues no Haiti. © Odelyn Joseph / AP
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Vivendo uma situação complicada mesmo antes do assassinato brutal do Presidente Jovenel Moïse, o Haiti vê-se fustigado por uma grave crise política, social e de segurança, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, que está a visitar o país a declarar que "a população haitiana está a viver um pesadelo". Para Rafael Lucas, professor universitário de origem haitiana em Bordéus, a falta de legitimidade política é agravada com a insegurança causada pelos gangues.

"O Haiti está a viver uma situação complicada desde 2020 porque em 2020 os mandatos dos deputados, senadores e autarcas tinham caducado e o Presidente Jovenel Moïse não convocou eleições para renovar estas estruturas até ao dia da sua morte, de maneira que o primeiro-ministro interino, Ariel Henry, está a governar sem qualquer validação de uma instância eleita. E foi a partir desse ano que os gangues dispararam em termos de progressão, foi um aumento exponencial", indicou.

Após anos de domínio destes gangues, que tiveram como origem a desmobilização do Exército em 1995 pelo Presidente Jean-Bertrand Aristide que temia os consecutivos golpes de Estado, a população tomou desde o início deste ano a justiça nas próprias mãos, com muitos haitianos a a designarem-se como justiceiros. Desde abril, segundo o Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti, já morreram quase 300 pessoas às mãos destes justiceiros.

"A minha família relata a operação de justiça popular que está a ser levada a cabo pela população contra estes bandidos. Identificaram-nos graças ao Facebook, porque eles costumavam pôr as suas fotos no Facebook, mas também as atrocidades de cometiam, como eles estavam identificados, uma boa parte deles foi executada consoante os rituais haitianos", descreveu Rafal Lucas.

Entretanto, a ideia de uma polícia internacional no Haiti voltou a ganhar força esta semana com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, a dizer que o seu país está a trabalhar de forma "muito activa" para formar uma força internacional para auxiliar o Haiti, mas não deverão ser os Estados Unidos a lidera-la

Rafael Lucas disse que a constituição de uma força deste género lhe parece difícil e que a liderança dos Estados Unidos não seria bem vista, devido à ocupação norte-americana do Haiti entre 1915 e 1934 que faz com este país seja ainda visto como um colonizador. Outros países como o Brasil ou o Canadá também já recusaram liderar uma força internacional.

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