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Guerra na Ucrânia

Guerra na Ucrânia: Rússia volta a atacar Kiev, e confrontos prosseguem no Donbass

Mais um ataque russo voltou a atingir a capital ucraniana neste domingo. De acordo com as autoridades de Kiev, um ataque de drones foi efectuado durante a noite pela primeira vez em 12 dias, tendo os sistemas de defesa aérea destruído preliminarmente todos os alvos. Moscovo por sua vez, afirma estar a conseguir repelir os avanços e ataques ucranianos no Donbass, e confirma a eliminação de centenas de soldados inimigos.

Mais um ataque russo voltou a atingir a capital ucraniana neste domingo. De acordo com as autoridades de Kiev, um ataque de drontes foi efectuado durante a noite pela primeira vez em 12 dias.
Mais um ataque russo voltou a atingir a capital ucraniana neste domingo. De acordo com as autoridades de Kiev, um ataque de drontes foi efectuado durante a noite pela primeira vez em 12 dias. AP - Evgeniy Maloletka
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Pouco mais de uma semana depois da suposta rebelião do Grupo Wagner contra o alto comando militar da Rússia, o cenário no campo de batalha não mudou. A esperada contra-ofensiva ucraniana continua a não dar frutos consideráveis, levando a remodelações nas estruturas de Estado de Kiev. Neste final de semana ambas as forças efectuaram ataques contra espaços militares e urbanos.

O Estado-Maior ucraniano informou que continuavam a registar-se confrontos ferozes em três zonas de Donetsk, onde, segundo o responsável, a Rússia tinha concentrado tropas e tentado avançar. O Estado-Maior ucraniano indicou os arredores de três cidades - Bakhmut, Lyman e Marinka - como pontos quentes da linha da frente.

De acordo com um alto funcionário ucraniano, a Rússia lançou um ataque noturno com drones contra Kiev, após um intervalo de 12 dias, tendo os sistemas de defesa aérea destruído preliminarmente todos os alvos na sua aproximação. "Todos os alvos aéreos - oito UAVs de ataque Shahed-136/131 e três mísseis de cruzeiro Kalibr - foram destruídos", disse a força aérea ucraniana, segundo a AFP.

"Outro ataque inimigo a Kiev", afirmou Serhiy Popko, coronel-general que dirige a administração militar de Kiev, numa mensagem publicada no canal Telegram na madrugada de domingo.

Este acontecimento ocorre apenas um dia após as autoridades ucranianas actualizarem o balanço de vítimas dos últimos ataques russos. Na região de Kherson, no sul da Ucrânia, cinco pessoas, incluindo uma criança, ficaram feridas na sexta-feira, assim como em ataques durante a noite, de acordo com o governador Oleksandr Prokudin. Na linha de frente oriental da região de Donetsk, pelo menos três civis foram mortos e 17 feridos na sexta-feira e na noite de sábado, segundo o governador Pavlo Kyrylenko.

Moscovo por sua vez denuncia os ataques de Kiev em Donetsk, afirmando estar a conseguir repelir os avanços que julga “secundários”, de acordo com a agência de notícias russa TASS. Este mesmo órgão afirma, citando fontes militares do Ministério da Defesa, que as forças armadas conseguiram abater um avião de combate Sukhoi Su-25 e interceptar quatro mísseis HIMARS em Zaporíjia. Além disso, centenas de soldados ucranianos teriam sido eliminados nas últimas 24 horas.

Soldados ucranianos perto do veículo blindado de recuperação Bergepanzer 2 na linha da frente na região de Zaporizhzhia, Ucrânia, sábado, 1 de julho de 2023.
Soldados ucranianos perto do veículo blindado de recuperação Bergepanzer 2 na linha da frente na região de Zaporizhzhia, Ucrânia, sábado, 1 de julho de 2023. © AP / LIBKOS

Entretanto, no noroeste da Ucrânia, o Presidente Volodymyr Zelenskyy reuniu-se com o mais alto comando militar do país e com responsáveis da energia atómica na central nuclear de Rivne para discutir "a segurança das nossas regiões do norte e as nossas medidas para as reforçar". Este encontro ocorre um dia após Zelensky voltar a alertar para uma "séria ameaça" na central nuclear de Zaporizhzhia, receando que as tropas de Moscovo estejam a preparar-se para explodir as instalações.

Embora esta zona esta afastada dos combates, este Oblast faz fronteira com a Bielorrússia.

É justamente na Bielorrússia que começam a chegar os soldados do Grupo Wagner, na sequência da rebelião armada contra o alto comando militar russo, que levou à “expulsão” do líder Yevgeny Prigozhin e dos seus fiéis combatentes que se recusassem a ser integrados às forças armadas russas.

Imagens de satélite analisadas hoje pela Associated Press (AP) revelam a construção recente de um campo militar na Bielorrússia e admite-se que possa vir a albergar mercenários do grupo Wagner, adiantou a agência de notícias. Trata-se da antiga base militar nos arredores de Osipovichi, onde foram erguidas dezenas de tendas ao longo das últimas duas semanas, situada a pouco mais de 230 quilómetros a norte da fronteira com a Ucrânia, justamente com o Oblast de Rivne.

Se por um lado a retirada dos mercenários do Grupo Wagner renovou as esperanças de sucesso quanto à aguardada contra-ofensiva ucraniana, analistas e militares do Ocidente estimam que esta operação deve demorar e que os avanços não estão a seguir os moldes esperados.

O general norte-americano, Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto, disse a uma audiência no National Press Club, em Washington, na sexta-feira, que a contra-ofensiva da Ucrânia contra a Rússia será difícil e "muito sangrenta". Milley disse não estar surpreendido com o facto de os progressos terem sido mais lentos do que o previsto, mas acrescentou que a Ucrânia estava a "avançar de forma constante".

No campo diplomático as tensões entre ambos os blocos continuam a agudizar.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, visitou a capital ucraniana, Kiev, numa demonstração de apoio contínuo de Madrid e da União Europeia à luta da Ucrânia contra as forças russas. Enquanto isso, quatro diplomatas russos foram evacuados da Roménia, a pedido do governo local, evidenciando o recrudescer das relações entre Moscovo e Bucareste.

A embaixada da Bielorrússia foi atacada em Haia, nos Países Baixos. De acordo com a polícia local, indivíduos atacaram o edifício com pedras, e deixaram mensagens contra o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, acusando-o de cometer atos terroristas.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no sábado que queria que o seu país recebesse um "convite" para aderir à NATO depois da guerra, durante uma cimeira importante a realizar este mês.

Esta tentativa faz parte dos planos de Kiev de continuar a participar nos fóruns internacionais. Estima-se que há um certo desconforto relativamente à presença do líder ucraniano. No sábado, Zelensky denunciou que o Presidente espanhol, Pedro Sánchez, o convidou para a cimeira de Julho em Bruxelas, que reunirá os líderes da UE e da América Latina, mas que alguns países latino-americanos vetaram a sua presença.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, à direita, e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez participam numa conferência de imprensa em Kiev, na Ucrânia, no sábado, 1 de julho de 2023.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, à direita, e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez participam numa conferência de imprensa em Kiev, na Ucrânia, no sábado, 1 de julho de 2023. AP - Efrem Lukatsky

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