Em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, o apoio humanitário continua a ser insuficiente
Apesar de já não estar com as tropas russas à porta da cidade desde há 6 meses, Kharkiv no nordeste da Ucrânia continua a precisar de apoio humanitário, sobretudo nas aldeias fora do perímetro urbano. Muitas delas foram ocupadas pelos russos e agora dependem de ajuda de organizações como a Caritas para fazer chegar não apenas alimentos, mas também medicamentos. Como constata o repórter José Pedro Frazão, estas populações precisam também de um apoio médico que se revela insuficiente.
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Às 9 horas da manhã, já está formada uma fila à porta da Caritas de Kharkiv. São deslocados internos que vivem na cidade e aqui procuram medicamentos e alimentação.
Olga, uma farmacêutica que se fez voluntária na segunda cidade da Ucrânia, revela que os deslocados têm pouco acompanhamento médico para além do apoio clínico que é dado pelas organizações humanitárias. “Não há muitos médicos porque foram embora ou estão em zonas de guerra”, explica.
Estes são apenas os que estão na cidade, mas pelas vilas e aldeias, há milhares de pessoas assistidas por diversas organizações. A Caritas Spes da Ucrânia, ligada à Igreja Católica Romana, auxilia diariamente 2 mil a 3 mil pessoas. Em articulação com outras organizações da Noruega, República Checa e Polónia, prestam apoio alimentar mas também consultas médicas. Na zona rural da região entregam uma caixa por família com arroz, carne, açúcar, chá, chocolate, que tem que durar para 2 meses.
Embora a situação esteja mais calma, já não existem tropas russas nesta zona, persistem os perigos de ataque aéreo a 40 quilómetros da fronteira. Durante o dia, as sirenes tocam meia dúzia de vezes. Ninguém sabe o dia de amanhã.
“Cada dia é um novo dia. Quando acordo dou graças a Deus por estar aqui” diz o padre Wojciech Stasiewicz, um polaco que dirige a Caritas de Kharkiv. Nos tempos mais duros chegou a interromper missas por bombardeamentos junto à Igreja. O número de missas dominicais desceu de 4 para apenas uma.
Desconfiado da calmaria no centro da cidade, ainda assim nunca divulga a hora dessa missa de Domingo. “Comunico-as as ao telefone e vai de boca em boca para não haver riscos”, confessa o padre que coordena toda a operação local da Caritas.
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