Washington levanta algumas das suas restrições visando Cuba
A administração Biden anunciou ontem o levantamento de uma série de restrições visando Cuba, nomeadamente no que diz respeito à imigração e transferência de dinheiro, uma decisão que foi saudada por Cuba, embora Havana também ressalve que isto “não modifica o bloqueio” de que o país tem sido alvo desde décadas por parte de Washington.
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No rol de medidas a serem doravante aplicadas por Washington e sobre as quais filtraram poucos pormenores, sabe-se que a administração Biden pretende tornar a implementar um programa que tinha sido suspenso há anos que facilitava os procedimentos administrativos para a imigração de uma mesma família.
Também de acordo com o Departamento de Estado Americano, deveriam ser aumentadas as capacidades de atendimento para os pedidos de visto na Havana, deveriam ser aumentados os voos entre os Estados Unidos e Cuba, com ligações a outras cidades para além da Havana e deveriam igualmente ser permitidas viagens de grupo, lago que até ao momento era proibido.
As autoridades americanas anunciaram por outro lado que as condições para as transferências de dinheiro rumo a Cuba vão ser facilitadas.
Até agora, por decisão da anterior administração dirigida por Trump, havia um limite de transferência de mil Dólares por trimestre e isto somente dentro do círculo da família. Estas limitações desaparecem, o objectivo sendo de "responder à situação humanitária" em Cuba e "desenvolver oportunidades económicas", mas “não se trata de enriquecer” pessoas ou entidades que violam os Direitos Humanos em Cuba, especifica o Departamento de Estado. Daí que se mantêm as sanções visando personalidades e entidades cubanas já em vigor.
Uma decisão saudada por Cuba, mas com ressalvas
“Um pequeno passo na direcção certa”, mas “um passo com alçada limitada”. Foi deste modo que o governo cubano qualificou a decisão americana de aliviar as restricções visando Cuba. Para o chefe da diplomacia cubana Bruno Rodríguez são "medidas positivas", mas que "em nada modificam o bloqueio (o embargo em vigor desde 1962), nem as principais medidas de bloqueio económico aplicadas por Trump".
Em comunicado, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, referiu ainda que "nem os objectivos, nem os principais instrumentos da política dos Estados Unidos contra Cuba, que é um fracasso, estão a mudar". Contudo, este responsável não deixou de dar conta da "disponibilidade" do seu governo para “encetar um diálogo respeitoso em pé de igualdade com o governo dos Estados Unidos".
Joe Biden que condenou a repressão das grandes manifestações ocorridas na ilha no ano passado e até tomou uma série de medidas contra as autoridades cubanas, procura deste modo voltar atràs relativamente a algumas restrições decididas durante a era Trump.
Esta tentativa de dar uma nova inflexão à política americana relativamente a Cuba não deixa contudo de gerar debate -inclusivamente no seu próprio campo- num país onde são numerosos os imigrantes cubanos.
“Este anúncio corre o risco de enviar a mensagem errada para as pessoas erradas na hora errada e pelos motivos errados”, considerou, apesar de pertencer ao campo presidencial, Bob Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ainda mais céptico, o senador republicano Marco Rubio acusou por sua vez a administração Biden de contar na sua equipa com “simpatizantes” do regime de Cuba.
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