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Turquia

Turquia aumenta supervisão sobre os meios de comunicação social

A entidade turca que regula a comunicação social ameaçou bloquear os serviços turcos de três canais internacionais se estes não se registarem no país.

Turquia aumenta supervisão sobre os meios de comunicação social.
Turquia aumenta supervisão sobre os meios de comunicação social. © AFP/arquivos
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O Conselho Superior da Rádio e Televisão (RTUK) deu na semana passada um prazo de alguns dias para três canais internacionais se registarem na Turquia, caso contrário ameaçou bloquear as frequências dos seus programas em turco. Os canais visados foram a Voz da América, a estacão alemã Deutsche Welle e o canal Euronews, que emitem todos eles uma parte dos seus programas em turco.

A decisão baseia-se num controverso regulamento, aprovado há mais de 2 anos, que obrigam todas as organizações que produzem conteúdos online a se registarem no RTUK, efectivamente dando controlo total sobre a internet. Outras organizações internacionais, como a Netflix e Youtube, já o fizeram.

Esta é a primeira vez que o regulador turco usa o seu poder regulador sobre organizações de comunicação internacionais, enquanto mantêm os media nacionais sobre uma pressão permanente, tendo já fechado dezenas deles, devido a questões políticas ou religiosas. A maior parte dos órgãos de comunicação nacionais são hoje controlados por conglomerados associados ao regime do presidente Recep Tayyip Erdogan, por isso são raros os canais de informação independentes. Um dos mais procurados era precisamente o serviço turco do canal Deutsche Welle – alguns dos seus repórteres têm milhões de seguidores nas redes sociais.

O Departamento de Estado em Washington já reagiu, dizendo-se preocupada com “a liberdade de imprensa na Turquia”,

Com uma inflação galopante – atingiu oficialmente 50% no último mês, e com o poder de compra dos turcos em queda livre, as sondagens sugerem que pela primeira vez em vinte anos a oposição está bem posicionada para ganhar as próximas eleições presidenciais, em 2023. Por todo o país têm decorrido manifestações espontâneas contra os contínuos aumentos de preços, e o controlo dos media será fulcral para o desfecho das próximas eleições.

“Esta acção dirigida aos media internacionais demonstra verdadeiramente que Erdogan se sente ameaçado", explicou Merve Tahiroglu, uma analista turca no projecto para a Democracia no Médio Oriente, um think-tankbaseado nos EUA. “Apesar de controlarem a maior parte dos media, a crise económica está a dificultar o controlo da narrativa, e esta é uma tentativa de eliminar as poucas fontes de informação independente”, explicou.

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