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França

Ex-ministra francesa da justiça lança livro surpresa

Embora seja oficialmente lançado amanhã já se encontra nas bancas desde esta segunda feira o livro surpresa de Christiane Taubira, "Murmúrios à juventude", uma obra que ao pronunciar-se claramente contra a destituição da nacionalidade francesa dos binacionais condenados por actos de terrorismo não surpreende tanto pelo conteúdo mas mais pela rapidez com que foi publicado, apenas 5 dias depois da ex-ministra da justiça abandonar as suas funções.

Christiane Taubira lançou o livro 5 dias depois da sua demissão.
Christiane Taubira lançou o livro 5 dias depois da sua demissão. philippe-rey.fr
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Os primórdios de "Murmúrios à juventude" começam após os atentados de 13 de Novembro aqui em Paris e Saint-Denis. Logo depois destes ataques, o presidente francês promete medidas fortes, nomeadamente a destituição da nacionalidade francesa para os binacionais condenados por actos de terrorismo. Se esta medida agrada à direita e é popular nas sondagens, ela divide à esquerda, sendo veementemente rejeitada pela então ministra da justiça Christiane Taubira que durante as últimas semanas no pelouro da justiça vai tentar inflectir a decisão do presidente, em vão. No final do ano passado, ele reitera a sua intenção de levar adiante este projecto.

A partir daí, os acontecimentos aceleram-se. Taubira contacta discretamente o editor Philippe Rey a 10 de Janeiro. Cerca de uma semana depois, chega um texto com uma centena de páginas que são impressas em poucos dias em segredo em Espanha por receio de fugas de informação. Agora, a 4 dias do início da discussão no parlamento sobre o projecto de destituição da nacionalidade, um projecto revisto por Manuel Valls, em que se prevê nomeadamente que a destituição de nacionalidade seja uma sanção suplementar a ser decidida por um juiz, a antiga ministra da justiça torna a afirmar a sua posição.

Neste "Murmúrios à juventude", entre numerosas citações literárias, Taubira ataca a destituição da nacionalidade, qualificando-a de "medida ineficaz" e argumentando que "cada povo tem que resolver os seus problemas com os seus respectivos cidadãos. O que seria o mundo se cada país expulsasse os seus cidadãos considerados indesejáveis?" questiona Taubira que nesta obra considera, por outro lado, que é necessário dar um quadro constitucional ao Estado de emergência.

Neste livro ao qual o presidente Hollande teve acesso a 23 de Janeiro, ainda antes de Christiane Taubira anunciar a sua demissão do ministério da justiça, esta última afirma-se igualmente leal ao presidente cuja acção depois dos atentados ela elogia e dá a entender que não pretende candidatar-se contra ele em eventuais primárias à esquerda na perspectiva das presidenciais de 2017.

Embora seja cedo para prever se este livro editado para jà em 40 mil exemplares vai ser um sucesso de vendas, ele está decerto a ser muito comentado. Á esquerda do Partido Socialista defendem Taubira dizendo que este não é um livro de ajuste de contas, enquanto à direita, a também antiga ministra da justiça Rachida Dati considera que a publicação tão rápida desta obra comprova que" já não havia ministra da justiça há muito tempo, senão mesmo desde 2012."

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