Rússia vai continuar a vender armas para a Síria

Apesar de todas as críticas da comunidade internacional, preocupada com a repressão violenta que toma conta da Síria há cinco meses, a Rússia, segundo exportador bélico mundial, pretende continuar a venda de armas para o regime de Damasco. A declaração foi feita nesta quarta-feira durante o Salão da aeronáutica de Moscou.

A Síria é palco da repressão armada há cinco meses. Reuters TV

Anatoli Isaïkine, diretor-geral da Rossoboronexport, confirmou nesta quarta-feira que sua empresa, primeira exportadora de armamento da Rússia, continuará vendendo armas para o regime sírio. “Houve entregas de armas para Síria no ano passado e haverá novas entregas esse ano”, disse ele.

A decisão de continuar fornecendo armamento para Damasco foi tomada para compensar as perdas que o setor teve nos últimos meses. O executivo explica que a queda do faturamento se deve principalmente ao embargo imposto pelas Nações Unidas contra a comercialização de armas para a Líbia. “Naturalmente nós tentamos compensar nossas perdas ligadas aos eventos na África do Norte”, disse Isaïkine, que pretende investir em novos mercados na África, no sudeste asiático e na América do Sul.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, já havia pedido na semana passada que Moscou interrompesse o fornecimento de armas para o regime de Damasco. A Rússia é o segundo exportador mundial de armamento, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Anatoli Isaïkine, que participava do Salão da aeronáutica de Moscou, disse ainda que as vendas de seu grupo devem representar esse ano pelo menos US$ 9 bilhões, contra os US$ 8,6 faturados em 2010. A Rossoboronexport é responsável por mais de 80% das exportações de armas russas.