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Moçambique

Moçambique: Junta Militar elege Mariano Nhongo líder da Renamo

O tenente-general Mariano Nhongo foi esta segunda-feira eleito presidente da Renamo, pela Junta Militar, composta por dissidentes, que rejeitam a liderança de Ossufo Momade e pretendem negociar com o governo o processo de DDR.

Logotipo da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique
Logotipo da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique
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Mais de 80 membros da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, composta por antigos guerrilheiros que contestam a presidência de Ossufo Momade, elegeram esta segunda-feira (19/08) o tenente-general Mariano Nhongo para presidente interino do maior partido da oposição.

Mariano Nhongo era candidato único e foi eleito no último dia do conselho nacional extraordinário, convocado pela Junta Militar, por ele criada, que decorreu numa base do grupo, situada na região de Piro, nas proximidades da serra da Gorongosa, na província de Sofala.

O tenente-general Mariano Nhongo de 49 anos nasceu em Chemba, na província de Sofala e integrou a Renamo em 1981, na qual se tornou num dos mais relevantes oficiais do braço armado do partido durante a presidência de Afonso Dhlakama.

Mariano Nhongo integrou a Equipa Militar de Observadores Internacionais na Cessação de Hostilidades Militares em 2014 e dirigiu a equipa responsável pela segurança do seu então líder Afonso Dhlakama, de quem foi responsável pela segurança.

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Major-general Mariano Nhongo, eleito presidente interino da Renamo

"se eu sou presidente da Renamo, já estou a tomar posse, não vou fazer brincadeira, vou defender o partido de toda a maneira...querem ver força, também vou usar a força...ninguém é nascido presidente, eu posso dirigir o país...se o governo não está a entender, nós vamos usar a força...Ossufo [Momade] e [André] Magibire (secretário geral da Renamo)...estão a enganar o povo e estão a mentir".

O grupo que se descreve como uma estrutura militar da Renamo "entrincheirada nas matas" com 11 unidades provinciais, ameaça acções militares se o governo moçambicano rejeitar renegociar com eles todo o processo de DDR e pede a intervenção de Portugal, Ruanda e da Cruz Vermelha.

Vai ser criado um grupo de contacto, para dialogar com o governo e renegociar o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração - DDR - do antigo braço armado da Renamo, dado que este grupo de militares dissidentes acusa Ossufo Momade de ter rubricado o Acordo de Paz em Maputo a 6 de Agosto sem ter consultado os guerrilheiros e os orgãos da Renamo.

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João Machava, porta-voz da Junta Militar da Renamo

Segundo João Machava porta-voz da Junta Militar e comandante provincial das forças residuais da Renamo em Inhambane, nem a Comissão Política, nem o Conselho Nacional, nem a bancada parlamentar da Renamo, conhecem os termos do Acordo de Paz, que entre 21 e 23 de Agosto deverá ser discutido no parlamento e transformado em lei e que segundo os contestatários exclui 60% dos guerrilheiros do processo de reintegração.

A proposta de lei do Acordo de Paz prevê o desmantelamento das bases da Renamo até 21 de Agosto, mas João Machava acusa Ossufo Momade de traidor e afirma que o presidente interino Mariano Nhongo vai falar com a bancada parlamentar da Renamo, para que não seja aprovado o Acordo de Paz.

"movimentar todos os efectivos para bases seguras, considerando que o traidor Momade entregou as coordenadas das bases ao inimigo...mandar libertar e se for necessário à força, os nossos militares correntemente presos por ordens do traidor Ossufo...exigir o adiamento das eleições marcadas para 15 de Outubro de 2019...O presidente [interino] vai falar com a bancada da Renamo para não aprovar o Acordo de Paz de 6 de Agosto, uma vez aprovado...já aprovaram a guerra".

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