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Artes

Filme "Mosquito" estreia-se em França

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O filme “Mosquito”, do realizador luso-moçambicano João Nuno Pinto, estreou-se esta segunda-feira, em França, dia da reabertura das salas de cinema depois do fecho provocado pela pandemia de Covid-19. A história passa-se em Moçambique, durante a I Guerra Mundial, e é “um ajuste de contas” com o passado português e as narrativas oficiais.

Filme Mosquito estreia-se a 22 de Junho em França
Filme Mosquito estreia-se a 22 de Junho em França © "Mosquito", um filme de João Nuno Pinto.
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Filme "Mosquito" estreia a 22 de Junho em França

"O filme conta a história de um jovem português que se alista no exército durante a I Guerra Mundial para ir combater os alemães em França. Só que em vez de ser enviado para França é enviado para Moçambique onde a guerra se desenrola longe dos olhares do mundo. Ele perde-se do seu pelotão porque apanha malária mal chega, é deixado para trás e embarca nesta jornada, nesta odisseia à procura da guerra, dos seus sonhos de glória e aventura. Então, embarca nesta jornada solitária, mato adentro, no encalço da guerra e dos alemães", começa por descrever o realizador.

“Mosquito” demorou sete anos para ser realizado e é um projecto que João Nuno Pinto tinha há muito tempo. Inspirado na história do seu avô, o filme acaba por marcar um posicionamento do cineasta em relação às suas raízes e à história portuguesa e europeia.

Percebi que havia um certo ajuste de contas com o passado porque no início eu só queria contar uma história que se baseava na história do meu avô. A mim sempre me fascinou o que teria acontecido nessa viagem de um jovem de 17 anos do norte de Portugal perdido no meio do mato e da selva durante meses, sozinho (...)  Para mim, reconstruir essa viagem era um pouco também entender a razão de ser de eu ter nascido em Moçambique”, revela.

Porém, à medida que ia avançando no filme “e entendendo a dimensão histórica e do horror de tudo o que se passou naquela época”, João Nuno Pinto foi-se interessando cada vez mais na presença portuguesa enquanto império colonial e  quis também falar “das questões do racismo e do colonialismo”.

Acaba por ser uma forma de me posicionar enquanto português, moçambicano, branco, de qual é a minha visão de tudo isto e de me distanciar da narrativa oficial”, explica.

O filme ecoa com os movimentos contra o racismo que têm juntado milhares de pessoas nos últimos dias tornando-se “ainda mais pertinente, actualizado e urgente porque fala da herança colonial e de como o racismo estrutural está enraizado e isso vem de lá de trás”. “Porque o racismo é uma construção e ninguém nasce racista”.

Longe de uma visão de uma “África romântica ou idílica”, o filme mostra uma África crua, posiciona-se como “um ajuste de contas” das narrativas oficiais e desconstrói o olhar arrogante do europeu colonizador.

Além de “Mosquito”, João Nuno Pinto é autor da longa-metragem “América” (2000) e das curtas “Don't swim” (2015) e “Skype me” (2008).

O filme teve estreia mundial em Janeiro, no Festival Internacional de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos, chegou às salas portuguesas no início de Março, pouco antes do encerramento e da declaração do estado de emergência, por causa da covid-19. A estreia em França é a 22 de Junho, no dia em que reabrem as salas depois da pandemia ter deixado o cinema em suspenso.

 

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