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Galeria portuguesa expõe obras inéditas do confinamento

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A arte não se pode confinar e a arte urbana até pode crescer dentro de casa. Forçada a fechar portas durante a pandemia de covid-19, a Galeria Underdogs, em Lisboa, pediu a 32 artistas da “street art” para criarem obras, durante o confinamento, apenas com materiais à mão. O resultado é visível online, até 13 de Junho, na exposição “Right Now”, que pensa e reflecte o novo normal dos tempos que correm. A comissária da mostra, Pauline Foessel, e os artistas Vhils, André Saraiva, Francisco Vidal, Abdel Queta Tavares e AkaCorleone contam-nos o que prepararam.

"Right Now", a primeira mostra online da Galeria Underdogs. Até 13 de Junho.
"Right Now", a primeira mostra online da Galeria Underdogs. Até 13 de Junho. © Galeria Underdogs
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19:21

Quando a "street art" entra em casa pelo telemóvel

Durante o confinamento, a Galeria Underdogs, em Lisboa, pediu a 32 artistas da “street art” para criarem obras apenas com os materiais que tivessem à mão e em casa. Do confinamento saíram obras inéditas e que estão “expostas” online, até 13 de Junho, na exposição “Right Now”, na página web da Underdogs.

“É uma exposição pensada só para estar online e as peças foram criadas durante o confinamento com materiais que os artistas tinham em casa ou no estúdio deles. Então, são peças um pouco diferentes das peças que normalmente mostramos”, conta Pauline Foessel, comissária da mostra.

O público já se habituou a ver os rostos esculpidos de Vhils em fachadas do mundo inteiro, mas essa é apenas a face visível de um longo trabalho de atelier de Alexandre Farto, também co-fundador da galeria. Para esta exposição, Vhils fez três desenhos - dois rostos e um olho - que voltam a questionar a condição humana em tempos de incerteza e precariedade.

Os tempos em que vivemos foi um momento que fez todos pararem e reflectirem sobre tudo e isso, às vezes, é um pouco avassalador. Acho que se sente isso no trabalho que fiz”, descreve Vhils.

Confinado ou não, o trabalho do artista é sempre "abrir janelas". É o que pensa André Saraiva, que há cerca de trinta anos tem espalhado pelas ruas do mundo o Mister A., uma conhecida figura longilínea com uma cabeça redonda e a piscar o olho. O português que nasceu na Suécia, cresceu em Paris e vive em Nova Iorque, criou para esta exposição uma paisagem marítima que é um convite à viagem.

Fiz um desenho muito imaginário e pessoal de um mundo um bocadinho mágico. Confinamento ou não confinamento, isso não muda a minha ideia da criação. A criação é sempre uma janela de liberdade e o nosso trabalho como artistas é sempre ganhar a liberdade e tentar abrir janelas”, testemunha André Saraiva.

Uma exposição online não desvirtua a essência das próprias obras de arte? Ou o confinamento abriu novas formas de ver e de criar? O angolano Francisco Vidal acredita que há formas novas de pensar a relação humana com a arte, sem retirar a aura aos objetos. O artista fez uma pintura fauvista, de cores vivas e expressionistas, com uma natureza morta versão confinamento 2020 e um tema inesperado na história da arte: um carrinho de compras a chocar contra um skate.

Há uma nova forma para a pintura e para a escultura e eu estou a tentar pensar o que é que pode acontecer sem a matéria, não é, de uma forma digital (...) Acredito que há formas novas muito interessantes de pensar a relação humana com a arte em que não se perca a aura dos objectos e se consiga produzir pensamento, significados, de uma forma interessante através dos meios de comunicação”, explicou Francisco Vidal.

Sem poder recorrer aos modelos que ilustram os seus retratos, o guineense Abdel Queta Tavares voltou aos auto-retratos. O artista foi tirar a fotografia, com um dos seus icónicos chapéus, do lado de fora das quatro paredes.

Quando me convidaram para fazer parte dessa exposição, eu aceitei, fiquei muito contente e decidi fazer auto-retrato. Decidi tirar uma fotografia normal, da forma como estou em casa, em modo de confinamento. Não foi difícil para mim mas também não foi fácil”, explicou Abdel Queta Tavares.

Como é que um artista urbano resiste ao confinamento? Precisamente através da arte. Pedro Campiche, conhecido no meio como AkaCorleone, usou o trabalho como um escape, como uma “terapia para ajudar os dias a passar”.

Para mim foi quase como um escape porque muito do trabalho que eu tinha agendado para os próximos meses foi cancelado ou adiado e, de repente, dei por mim com mais tempo livre e também com alguma preocupação com o futuro e com a própria vida durante estes tempos. Acabou por ser, ainda, uma forma de concentrar as minhas energias em algo que para mim também me fazia falta”, contou Pedro Campiche.

A exposição “Right Now” pode ser vista até 13 de Junho, na página internet da galeria Underdogs. Uma nova forma de criar, ver e consumir arte nascida durante o confinamento e que prova que depois de ter invadido museus, a “street art” também pode entrar nas nossas casas.

 

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