Jovens atacam sede do PAIGC em Bissau

Um grupo de jovens tentou tomar de assalto a sede do PAIGC em Bissau esta manhã, tendo-se registado confrontos com militantes do partido que tiveram que ser dispersos com a intervenção da polícia, havendo um número indeterminado de feridos que tiveram que ser hospitalizados. Na sequência do sucedido, o dispositivo de segurança em torno do recinto foi reforçado.

Militantes diante da sede do PAIGC em 2012. Liliana Henriques / RFI

De acordo com o responsável da segurança do partido tratava-se de "cerca de 120 jovens, que vieram de diferentes zonas do país, chegaram e disseram que queriam falar com a direcção do partido e como não foram atendidos invadiram as instalações". Segundo o porta-voz do PAIGC, por detrás destes incidentes estão o Presidente da República e o grupo dos 15 dissidentes do partido, João Bernardo Vieira afirmando que o seu partido já vinha sendo alvo de ameaças.

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João Bernardo Vieira, porta-voz do PAIGC, em declarações recolhidas pela agência Lusa

Por seu turno, ao condenar o sucedido, Braima Camará, coordenador do grupo dos 15, referiu que "não vai permitir violência dentro do partido". Braima Camará afirmou ainda que de acordo com as informações que tem em mãos, os jovens que tomaram de assalto hoje a sede do PAIGC "eram simples militantes".

Estes incidentes ocorrem poucos dias antes do início de uma reunião do comité central do PAIGC.

Eles acontecem numa altura em que continua o braço de ferro entre a direcção do partido de Domingos Simões Pereira e o grupo dos 15.

Na semana passada, os deputados dissidentes acusaram o antigo Primeiro-Ministro de ignorar os seus apelos ao diálogo e de ser responsável pela divisão da força política.

A Guiné-Bissau tem vivido no impasse político nos últimos 3 anos, depois do Presidente da República ter demitido em 2015 o governo de Domingos Simões Pereira ao cabo de meses de crescente mal-estar.

Este episódio marcou o início de uma crise institucional marcada designadamente pela expulsão do PAIGC de 15 dos seus deputados.

Apesar da assinatura em Outubro dos Acordos de Conacri em Outubro do ano passado, até ao momento não se conseguiu chegar a nenhum consenso político no país.