França: Macron defende balanço do seu primeiro ano
O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, respondeu ao longo de quase três horas às perguntas de dois jornalistas em jeito de balanço de praticamente um ano na presidência. Tratava-se da segunda entrevista televisiva do presidente na mesma semana, esta última ficou marcada, porém, por um tom algo azedo entre os jornalistas e o chefe de Estado.
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Foi a partir do Palácio de Chaillot, em frente à emblemática Torre Eiffel, que Edwy Plenel, fundador da Mediapart, e Jean Jacques Bourdin, da televisão BFM e da rádio RMC, entrevistaram Emmanuel Macron.
O presidente francês que na quinta-feira da semana passada fora entrevistado a partir de uma escola na Normandia no canal televisivo privado TF1.
Esta entrevista de domingo aconteceu pouco tempo após o início dos ataques contra a Síria, a propósito da suposta utilização de armas químicas por parte do regime contra a população num reduto de opositores a Bachar al Assad, presidente sírio.
Sobre a intervenção militar americana, francesa e britânica na Síria Emmanuel Macron alegou que "a integralidade dos mísseis atingiram os seus alvos e as capacidades de produção de armas químicas foram destruídas".
Macron alega que a França não está em guerra contra o regime sírio e que foi a comunidade internacional que interveio, reagindo às críticas do ataque ter sido feito sem o aval do Conselho de segurança da ONU.
Presidente Emmanuel Macron 17 04 2018
Nós temos a plena legitmidade internacional para intervir nesse contexto, porque se nós quisermos que a comunidade internacional seja respeitada, em última instância.
Foram três membros do Conselho de Segurança que interviram. E nós intervimos numa situação bastante precisa. Sem declarar a guerra ao governo de Bashar al-Assad.
Nós atacamos de maneira muito precisa lugares contendo armas químicas, contrárias ao direito internacional,em particular o seu uso de acordo com os nossos compromissos . E não se registaram danos colaterais no tocante aos russos.
Aliás vocês já me ouviram condenar frequentemente as intervenções do tipo neo-conservador, que consistem em substituir-se a soberania dos povos.A França e os seus aliados não declararam a guerra ao governo de Bashar al-Assad.
Nós simplesmente actuamos para que o direito internacional e as resoluções do conselho de segurança deixem de ser palavras ocas. (Emmanuel Macron)
Quanto ao descontentamento em França o chefe de Estado alegou ouvir a ira, mas disse ser ilegítima a fúria dos ocupantes do projecto abortado de aeroporto perto de Nantes, evacuados à força pelas autoridades na semana passada.
Macron descartou ser o presidente dos ricos e garantiu que não faria economias nos hospitais no seu mandato.
Acerca da greve em curso na companhia ferroviária SNCF Macron alegou não pretender privatizar a empresa.
A propósito do islamismo radical, que estaria na base do recente atentado em Carcassonne e Trèbes a 23 de Março, o presidente francês afirma haver junto de alguns franceses algum "medo", descartando que o islamismo radical seja sinónimo de Islão.
Emmanuel Macron referiu-se à utilização do véu islâmico alegando que tal costume não corresponde às formas habituais de vida em sociedade em França.
O presidente francês abordou também a política migratória na Europa, dizendo que o país está confrontado com um "fenómeno migratório inédito" que não será de curta duração.
Macron admitiu pretender rever o chamado "delito de solidariedade", ou seja a punição de actos visando ajudar migrantes clandestinos.
A entrevista decorreu com a maior parte dos comentadores a evidenciarem o tom agressivo da parte dos jornalistas para com o chefe de Estado.
Emmanuel Macron que escolhera, precisamente, essas duas figuras proeminentes do jornalismo francês para esta entrevista.
Não obstante o tom pouco ameno da mesma os jornalistas lançaram o repto a Macron para repetir este exercício no próximo ano, o presidente aceitou imediatamente a sugestão.
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