François Fillon admite desistir das presidenciais se for investigado
Já lhe chamam, em França, o “Penelope Gate”: as suspeitas que a esposa de François Fillon teve, durante oito anos, um “emprego fictício” criado pelo marido está a manchar a candidatura do representante da direita às presidenciais francesas. Fillon garante que a mulher trabalhou realmente como sua assistente parlamentar e disse que desiste das presidenciais se for alvo de um inquérito.
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François Fillon admitiu, esta quinta-feira, em entrevista ao canal de televisão TF1, que desiste da candidatura às eleições presidenciais de for alvo de um inquérito. Em causa, as suspeitas de que, durante oito anos, a esposa auferiu 500 mil euros de fundos parlamentares na qualidade de assessora do marido, mas sem ter exercido essas funções.
A revelação foi feita esta quarta-feira pelo semanário Le Canard Enchaîné e, um dia depois, a procuradoria financeira francesa abriu uma investigação para determinar se houve "uso indevido de fundos públicos" por Penelope Fillon.
Hoje, o antigo rival de François Fillon nas primárias da direita, Alain Juppé, excluiu “claramente e definitivamente” ser um plano B no caso de Fillon sair da corrida às presidenciais.
Primeiro-ministro durante a presidência de Nicolas Sarkozy (2007-2012), François Fillon é um dos favoritos às presidenciais de Abril e Maio de 2017 e as sondagens colocavam-no como provável adversário da líder da extrema-direita, Marine Le Pen, na segunda volta. Porém, as suspeitas que recaem sobre o homem que se definiu como o candidato da "transparência”, da “moral” e da “ética” já estão a ter eco nas sondagens.
Um estudo de Odoxa para a "franceinfo" publicado hoje revela que 61% dos franceses têm uma má opinião sobre Fillon contra 38 % que tem uma boa opinião, o que representa um recuo de quatro pontos relativamente a uma sondagem do mesmo instituto datada de 8 de Janeiro.
Segundo o Le Canard Enchaîné, o caso passou-se entre 1998 e 2002, quando Fillon foi deputado pela região de Sarthe, tendo Penelope tido um salário mensal de 3.900 euros brutos até 2001 e de 4.600 euros brutos no ano seguinte. Em 2002, a esposa passou a ser assessora de Marc Joulaud, que substituiu Fillon no parlamento quando este entrou no governo, passando a auferir entre 6.900 e 7.900 euros brutos por mês. Em 2012, François Fillon teria voltado a empregar a mulher, pelo menos durante seis meses, com uma remuneração de 4.600 euros, quando foi deputado eleito por Paris.
Os deputados franceses podem contratar familiares, o problema é que não há memória de Penelope Fillon ter trabalhado na Assembleia Nacional, ainda de acordo com o Le Canard Enchaîné.
Fernando Rodrigues, vereador da cidade francesa de Meaux, do partido de direita "Os Republicanos" e apoiante de Jean-François Copé - antigo rival de Fillon nas primárias - admite que o caso vem manchar as ambições presidenciais de Fillon.
Fernando Rodrigues, Vereador de Meaux
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