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França/Morte de ecologista

Silêncio do Executivo francês sobre morte de ecologista gera revolta

Quase em uníssono, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro, Manuel Valls, prometeram descobrir "a verdade" e apontar os responsáveis pela morte de um ecologista de 21 anos durante uma manifestação no departamento de Tarn, no sul da França. Rémi Fraisse protestava neste domingo (26) contra a construção da barragem de Sivens, quando foi atingido por uma explosão, que sua família atribui à polícia.

Mais de 1000 pessoas protestam em Albi, no departamento de Tarn, no dia seguinte à morte de Rémis Fraisse
Mais de 1000 pessoas protestam em Albi, no departamento de Tarn, no dia seguinte à morte de Rémis Fraisse REUTERS/Regis Duvignau
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Apesar da gravidade do fato, o Executivo francês demorou dois dias para se pronunciar, o que gerou uma revolta em políticos ecologistas. As declarações de Valls e Hollande só vieram depois de que a deputada ecologista Cécile Duflot fez duras críticas em uma entrevista à rádio France Info. Para ela, essa primeira morte em uma manifestação desde o famoso caso de Malik Oussekine, assassinado pela polícia em 1986, é uma "mancha indelével na ação deste governo".

"Ninguém prestou condolências"

"Há 48 horas, um jovem estudante de 21 anos, cuja atividade voluntária era defender a natureza, foi morto em condições que ainda não foram esclarecidas, mas que suscitam questões extremamente pesadas", declarou Duflot. "E, depois de 48 horas, nenhum membro deste governo - que, teoricamente, tem a juventude entre suas prioridades -, prestou suas condolências ou lamentou o que aconteceu", denunciou a deputada de Paris, que saiu do governo em abril.

Pouco depois da entrevista, Hollande declarou, durante uma visita a ateliês de escrita em Paris, que "sejam quais forem as circunstâncias, quando um jovem morre, a primeira atitude, a primeira reação, é a compaixão. Foi por isso que liguei para o pai dele hoje cedo. A segunda reação é a verdade, toda a verdade, sobre o que aconteceu nesta manifestação, que foi violenta. Eu vou me ocupar disso pessoalmente", prometeu.

Manuel Valls também prometeu investigação, acrescentando apenas uma referência a alguns dirigentes ecologistas que, na visão dele, fazem "declarações públicas excessivas, que não contribuem para apaziguar" a situação. Ele também lamentou o levantamento do que considera suspeitas infundadas.

A família de Rémi Fraisse promete apresentar duas queixas, uma delas por homicídio doloso, contra "um ou mais representantes do Estado".

Responsabilidades

O eurodeputado José Bové denunciou um "grave erro" do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, a quem ele acusa de ter enviado deliberadamente as forças de ordem a um terreno baldio - onde será construída a barragem - com a única intenção de "criar tensão" com os manifestantes.

Cazeneuve disse que, considerando que há uma investigação em curso, acusações como essa são "pouco responsáveis e pouco dignas". Ele denunciou uma "instrumentalização política" dos protestos e lembrou que, desde setembro, 56 guardas e policiais foram feridos em manifestações por toda a França.

François Fillon, deputado pela UMP (partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy, de direita), atribuiu "parte da responsabilidade" àqueles que utilizam a "violência política", em particular, os políticos ecologistas: "Não digo que são os Verdes que apoiam os extremistas mas, enfim, eles estão juntos de uma certa maneira, eles agem juntos", declarou o ex-primeiro ministro.

Nesta segunda-feira (27), mais de 1000 pessoas protestaram contra a morte de Rémi Fraisse em Albi, no departamento de Tarn.

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