Rumor de pedofilia envolvendo ex-ministro francês causa escândalo na França
Os escândalos sexuais envolvendo políticos na França se multiplicam. Depois dos casos do ex-diretor do FMI Dominique Strauss- Kahn e de Georges Tron, ministro de Sarkozy que pediu demissão esta semana acusado de assédio sexual, o ex-ministro da Educação Luc Ferry terá de comparecer na justiça depois de ter acusado, sem revelar o nome, outro ex-ministro de crimes de pedofilia.
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Victória Álvares, em colaboração para RFI
Foi nessa segunda-feira que o filósofo e ex-ministro da Educação Luc Ferry disse, num programa de televisão, conhecer o caso de um ex-ministro que teria sido surpreendido numa orgia com garotos em Marrakech.
Quarenta e oito horas após esta afirmação bombástica, o Ministério Público francês instaurou um inquérito preliminar sobre o caso e convocou o ex-ministro a comparecer na justiça. No Marrocos, associações de defesa dos direitos das crianças já anunciaram o desejo de também dar queixa na justiça e pressionam o governo local a tomar providências.
A revelação também gerou inúmeras reações na França. O ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, declarou ontem que “existe uma diferença entre o direito de informação e a calúnia”. Críticas também da parte da ex-ministra da Justiça Rachida Dati. Para ela, é normal que a justiça francesa convoque o ex-ministro Luc Ferry e realize uma investigação detalhada a partir de seus comentários, principalmente porque ele não denunciou o suposto crime quando soube dos fatos. Luc Ferry se defende afirmando não ter provas do escândalo, apenas testemunhos, como o de um primeiro-ministro que estaria na origem das revelações.
“Provavelmente, nós todos aqui sabemos de quem se trata”, diz Ferry
A imprensa francesa condena a acusação sem provas. Na sua declaração à televisão francesa, o ex-ministro da Educação deu a entender que os jornalistas presentes no estúdio saberiam de quem ele estava falando, insinuando portanto uma certa conivência da classe jornalística francesa com o caso. “Dirty Ferry”, foi a capa do Libération de hoje.
Ministro da Cultura admitiu atração por jovens em livro
Em 2009, um outro escândalo envolvendo o ministro da Cultura francês causou polêmica. Na época, o partido de extrema-direita Frente Nacional relembrou as passagens da autobiografia de Frédéric Mitterrand para condenar o fato de o atual ministro francês da Cultura ter defendido o cineasta Roman Polanski, que estava sendo acusado de pedofilia por ter mantido relações sexuais com uma jovem de 13 anos, nos Estados Unidos. Num polêmico best-seller publicado em 2005, F. Mitterrand relatou, entre outras confissões, sua atração por jovens tailandeses que se prostituem.
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