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Futebol

Neto Borges: «Tenho ambição e quero sempre alcançar voos maiores»

O campeonato francês de futebol masculino está a seis jornadas do fim e tudo está ainda por definir. O Paris Saint-Germain lidera com dez pontos de vantagem em relação ao Brest e ainda não é campeão de França, enquanto o Clermont e o Metz ocupam os dois últimos lugares, mas ainda não estão despromovidos.

Neto Borges (primeiro plano), defesa brasileiro do Clermont.
Neto Borges (primeiro plano), defesa brasileiro do Clermont. © AFP - ARNAUD FINISTRE
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Nada está decidido na Liga Francesa de futebol. O actual bi-campeão nacional, o Paris Saint-Germain, está no primeiro lugar com 63 pontos e aproxima-se cada vez mais do tri-campeonato consecutivo.

No entanto, os parisienses podem teoricamente ser ultrapassados pelo Brest que está no segundo lugar com 53 pontos, enquanto o Mónaco, terceiro classificado, tem 52 pontos e tem lutado com o Stade Brestois pelo segundo posto.

De notar que a quarta equipa que poderá ir à Liga dos Campeões, é o Lille que tem 449 pontos após 28 jornadas.

Tudo por definir nos lugares cimeiros e também nas derradeiras posições.

Sete pontos separam o 14°, o Le Havre, 28 pontos, e o 18° e último classificado, o Clermont com 21 pontos.

Recorde-se que em França, os dois últimos lugares dão acesso à despromoção para a segunda liga francesa, enquanto o 16° classificado terá de defrontar o terceiro melhor classificado do segundo escalão para tentar segurar o lugar na primeira divisão.

Uma luta intensa, mas não desigual. No passado fim-de-semana, o Paris Saint-Germain, líder isolado, empatou a uma bola frente ao Clermont, último classificado, no Parque dos Príncipes em Paris.

Aliás o Clermont é a besta negra dos parisienses. Na temporada passada, 2022/2023, a equipa do Sul da França venceu por 2-3 na deslocação ao terreno do PSG. Já nesta época 2023/2024, os parisienses empataram na deslocação ao terreno do Clermont, sem golos, e voltaram a partilhar os pontos em casa.

Neto Borges, defesa brasileiro do Clermont.
Neto Borges, defesa brasileiro do Clermont. © AFP - ARNAUD FINISTRE

A equipa do Sul da França conta com um atleta lusófono no plantel: o brasileiro Neto Borges.

Neto Borges, defesa brasileiro de 27 anos do Clermont, já passou pelos brasileiros do Boca Júnior, do Itabaiana, do Atlético Tubarão e do Vasco, mas também pelos belgas do Genk, pelos suecos do Hammarby, e pelos portugueses do Tondela.

Em entrevista exclusiva à RFI, Neto Borges abordou a situação pessoal e colectiva, mas antes disso admitiu que ficou desiludido com o empate frente aos parisienses visto que o Clermont esteve a vencer durante uma boa parte do encontro.

De notar que o lateral esquerdo brasileiro também falou do Brasileirão 2024 que começa neste fim-de-semana.

RFI: O Clermont até saiu decepcionado do empate a uma bola frente ao PSG?

Neto Borges: É estranho sim, mas acho que no futebol temos que querer ganhar sempre, não importa quem esteja do outro lado. Se temos a ambição de sair vencedores, acho que é normal saírmos decepcionados quando não ganhamos uma partida. Especialmente, frente ao PSG, que foi uma partida que poderíamos sair com a vitória. Estávamos a três ou sete minutos do final e sofremos um golo. Infelizmente não saímos com os três pontos. Mas foi um ponto importante. Acho que agora a equipa vai trabalhar positivamente para conseguir os três pontos no próximo jogo.

RFI: Acreditaram que era possível vencer esta equipa?

Neto Borges: Sim. Toda a semana trabalhámos sabendo que era possível ganhar e sabíamos que também podiam poupar jogadores importantes, como foi o caso, e vão jogar um jogo de Champions League no meio da semana. Acho que tudo pode acontecer no futebol, mesmo se não poupassem os jogadores, tudo podia acontecer. Estávamos prontos, tínhamos um plano. O plano funcionou até aos 87. Acho que esse ponto foi importante para a gente, para nos dar confiança e seguir tentando ganhar pontos.

RFI: O Clermont é a besta negra do Paris Saint-Germain? No ano passado a equipa venceu em Paris, esta temporada não perde, dois empates. É incrível o que consegue o Clermont, para uma equipa que está no último lugar…

Neto Borges: Eu acho que todos nós temos motivação extra quando jogamos esses jogos e eu acho que infelizmente não pusemos esta motivação nos outros. Por isso nos encontramos nessa posição. Creio que se, nesses seis jogos que nos restam, mantivermos essa motivação, podemos fazer algo muito importante, muito bonito. Acho que, se conseguirmos nos manter, iremos celebrar. Vamos celebrar muito mais que quem ganhar o título. Então eu acho que podemos fazer algo muito bonito e vamos lutar até ao final com certeza.

RFI: Qual é a diferença entre a temporada passada, 8° lugar final, e esta temporada, 18° actualmente?

Neto Borges: Eu não sei. De verdade, eu não compreendo, porque mantivemos muitos jogadores e saíram peças importantes também. Reconhecemos que os jogadores que foram, eles fizeram muita falta. Eram uma equipa muito reduzida, um grupo reduzido e tínhamos um grupo muito fechado. Esses jogadores saíram, chegaram os outros novos. No começo foi muito difícil a adaptação dos novos jogadores ao grupo. O futebol, sabe como é, temos que nos adaptar rápido e se não nos adaptarmos, é um pouco complicado. Acho que a adaptação demorou a acontecer, mas agora acho que bem no final do campeonato, espero que as coisas aconteçam melhores para a gente.

RFI: Como é que foi esta temporada para si?

Neto Borges: Foi difícil. Acho que quando trabalhas e não vês os resultados acontecer, é muito difícil. É como se tivesses um supermercado, trabalhas e não vendes, é a mesma sensação. Acha que está a fazer tudo correcto, tudo muito bem, acha que vai ganhar o jogo, estamos prontos com pensamento positivo e perdes novamente. Nunca ganhámos um jogo. É muito complicado. Psicologicamente foi muito duro para mim e para a minha família também, porque saímos do Tondela quando fomos rebaixados, viemos aqui e fizemos uma boa temporada e agora novamente estamos nessa mesma situação. Podemos ser rebaixados novamente, mas vamos lutar até o fim. Foi um ano muito difícil, mas ainda nos resta seis jogos e podemos ficar para a história do clube e todos falar da gente para o resto da vida, se conseguimos ficar na Ligue 1, então vamos tentar fazer isso. Vamos tentar fazer história.

RFI: O Neto está cada vez mais adaptado a este clube, a este campeonato…

Neto Borges: A gente aprende, a gente se adapta a situações que nos aparecem e temos que enfrentar os melhores sempre. E eu acho que quando isso acontece estamos sempre em evolução. Acho que eu continuo numa evolução. Tenho a ambição de crescer. Tenho a ambição de alçar voos maiores, seja com o Clermont, seja com outro clube. Eu acho que a gente tem que ter essa ambição de alçar voos. Quando se é desportista, tem que tentar mesmo achar motivações para continuar positivo. Então acho que com essa temporada foi muito difícil, mas com esses meus objectivos pessoais, eu acho que a gente acaba tentando fazer o melhor e se adapta da melhor maneira. Às vezes dá certo, às vezes não dá. Frente ao PSG, foi um bom dia e eu espero que na sequência seja outros bons dias para a gente e que a gente se mantenha na Liga.

RFI: Está a acabar o Campeonato Francês, e vai iniciar o Brasileirão. Qual é a sua opinião sobre este Brasileirão que vai iniciar? E como é que viu as críticas do proprietário do Botafogo que criticou a liga, afirmando que há corrupção no Brasil? O que é que lhe trouxe como sentimento?

Neto Borges: É um sentimento de tristeza, porque essas pautas que se levantaram de apostas e tudo mais no Brasil foi algo decepcionante para mim, como atleta. Acho que as pessoas merecem respeito. Quando se trata de futebol é muita paixão, principalmente no Brasil. E é complicado de ver essas coisas passar no teu país e essas acusações. Agora, não sei se são verídicas e se ele tem provas ou não, mas é muito complicado. Espero que essa situação se resolva da melhor maneira. Não sou ninguém para dizer o que está acontecendo lá ou se ele falou algo agora ele tem que provar. Acho que é o mais justo ele provar o que ele falou. Vamos esperar o desfecho disso. Espero que seja o melhor para o futebol brasileiro, que é uma liga maravilhosa e com certeza uma das maiores ligas do mundo, de onde saíram os maiores jogadores do mundo. Estou a torcer pelo melhor lá e estou aqui a acompanhar sempre.

RFI: E sobre o palpite para o campeonato brasileiro?

Neto Borges: É muito difícil, é muito cedo para dizer. São muitas belas equipas. E é complicado dizer antes de começar. (risos).

 

05:02

Neto Borges, defesa brasileiro 12-04-2024

 

Neto Borges, defesa do Clermont.
Neto Borges, defesa do Clermont. © AFP - FRED TANNEAU

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