Chefe da diplomacia francesa apela a alavancas de influência para pesar sobre Israel
Costa do Marfim – O chefe da diplomacia francesa, Stéphane Séjourné, concluiu a 8 de Abril o seu primeiro périplo africano que o levou ao Quénia, Ruanda e Costa do Marfim. Nesta última etapa Stéphane Séjourné concedeu uma entrevista exclusiva à RFI e à France 24. Para além dos dossiers africanos este abordou as crises no Haiti, guerra na Ucrânia e o impasse na Faixa de Gaza. Para ele é necessário utilizar alavancas de influência junto de Israel para garantir a chegada da ajuda humanitária a Gaza.
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Stéphane Séjourné comentou a Marie Normand, da RFI, e a Stéphane Ballong, da France 24, os temas da actualidade diplomática francesa do momento.
Acerca da crise humanitária na Faixa de Gaza, perante a iminência de uma operação israelita em Rafah, no sul do território, onde estão concentradas largas centenas de refugiados, o chefe da diplomacia francesa afirmou que é necessário usar de toda a influência possível junto de Israel para garantir a chegada da ajuda humanitária.
"Teremos de ver quais seriam os outros elementos na relação de força de que poderíamos dispor para garantir a abertura de certos pontos de passagem de ajuda humanitária.
Reivindicamos e pedimos a abertura no sul, em Rafah, mas também no norte, na cidade de Gaza, para, nomeadamente, que se abram pontos que permitam a passagem de pelo menos 300 camiões. É um mínimo nesta fase !
Precisaremos de alavancas de influência, elas são múltiplas e passam, no pior dos casos, por sanções.
A França foi o primeiro país europeu a propor sanções contra colonos violentos na Cisjordânia.
Continuaremos se for necessário para se conseguir a abertura humanitária e a contrapartida também, por parte do Hamas. Não nos podemos esquecer dela: 3 dos nossos compatriotas mantêm-se reféns em Gaza e a sua libertação tem de ser feita sem condições."
Stéphane Séjourné alegou, ainda, que o reconhecimento do Estado da Palestina não poderia ocorrer fora de um processo de paz com Israel.
Nesta entrevista o ministro francês dos negócios estrangeiros afirmou que Paris está atento para se tentar desbloquear verbas que permitam a chegada ao Haiti de um contingente policial, sob supervisão do Quénia.
Quanto ao contacto da semana passada entre o ministro francês da defesa e o seu homólogo russo, que acabou por dar origem a duas versões radicalmente diferentes do ocorrido, conversa mantida após os atentados terroristas de Moscovo... Stéphane Séjourné acabou por alegar que este não é o momento de falar com a Rússia.
No que diz respeito a África o ministro afirmou que a França, quanto ao genocídio no Ruanda, admitia que a comunidade internacional não esteve à altura em 1994 para se evitar o ocorrido.
Séjourné saudou a alternância política no Senegal, afirmando que a França se tinha distanciado da gestão do franco CFA, moeda comum a países, essencialmente francófonos, da África ocidental e central, que o novo presidente senegalês pretenderia deixar.
No que diz respeito ao Saara ocidental o chefe da diplomacia de Paris admite que a França, com Marrocos, equaciona investimentos naquela antiga colónia espanhola.
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