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França

Manifestações em França: forte mobilização policial na quarta noite consecutiva de distúrbios

Pela quarta noite consecutiva as cidades francesas foram palco de confrontos violentos e um grau de depredação dos espaços públicos e privados muito elevado. De acordo com o Ministério do Interior, chefiado por Gérald Darmanin, cerca de 45 000 agentes de polícia foram mobilizados e foram efectuadas 994 detenções. Os distúrbios não mostram, por enquanto, sinais de redução.

A polícia antimotim francesa mantém-se em guarda durante os confrontos em Lyon, no sudeste de França, a 30 de Junho de 2023.
A polícia antimotim francesa mantém-se em guarda durante os confrontos em Lyon, no sudeste de França, a 30 de Junho de 2023. © Jeff Pachoud / AFP
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Pela quarta noite consecutiva as cidades francesas foram palco de confrontos violentos e um grau de depredação dos espaços públicos e privados elevado, na sequência das manifestações pela morte de Nahel, um jovem de 17 anos na região parisiense. Desta vez, um novo fenómeno foi observado: a revolta já não está limitada aos subúrbios. O contágio espalhou-se pelos centros das cidades, com o regresso das manifestações anti-Macron e contra a reforma das pensões no centro da capital francesa.

O balanço do Ministério do Interior indica que foram efectuadas mais de 1300 detenções, dentre das quais mais de 400 foram na região parisiense. O órgão público avança que 79 agentes da polícia ficaram feridos em confrontos – dentre dos quais 3 foram baleados, em comparação aos 249 da noite anterior. Cerca de 1 350 veículos foram incendiados, contra os 1 919 da noite de quinta-feira para sexta, bem como 234 incêndios ou danos a edifícios e um total de 2 560 focos de incêndio na via pública foram registados.

O ministro Gérald Darmanin estima que a violência desta noite foi “menos intensa” que na anterior. Ele esteve presente em Mantes-la-Jolie, a noroeste de Paris, ao lado dos agentes de polícia. De acordo com o levantamento efectuado pela Franceinfo, pelo menos uma centena de municípios foram afectados.

Em várias cidades, os manifestantes atacaram principalmente edifícios públicos, nomeadamente esquadras de polícia, câmaras municipais e lojas. Estima-se foram atacadas durante a noite de quinta-feira para sexta, cerca de 31 esquadras da polícia nacional, 16 esquadras da polícia municipal e 11 quartéis da gendarmaria nacional. O número de lojas assaltadas permanece desconhecido.

Meios de segurança reforçados para conter a espiral de violência

Para tentar conter a espiral de violência crescente as autoridades aumentaram ainda mais os seus meios na sexta-feira. No final da segunda reunião do comité de crise interministerial em dois dias, o ministro do interior, Gérald Darmanin, anunciou a mobilização de 45.000 polícias – 5 000 a mais que na noite de quinta-feira para sexta-feira – com o intuito de evitar a depredação dos espaços. Para além destes efectivos, foram mobilizados veículos blindados e unidades de elite adicionais.

Blindados, unidades de elite, brigadas de intervenção especializadas, foram alguns dos meios mobilizados para esta noite de confrontos. Em entrevista ao canal de televisão TF1, o ministro do interior justificou que "não é porque não temos um estado de emergência que não dispomos de recursos excepcionais. Esta noite, haverá meios excepcionais", acrescentou Gérald Darmanin.

Darmanin explicou que “na história da Quinta República, o estado de emergência foi utilizado quatro vezes por motivos extremamente graves. A crise terrorista, os motins de 2005 - o Presidente Chirac utilizou-o após 10 dias de motins - e a crise da Covid". O ministro também aproveitou para defender as instituições policiais que dirige, reiterando que não permitirá que "ninguém lhes cuspa em cima”, acrescentando que “o facto de um polícia estar a ser investigado não significa que todos os polícias estejam a ser investigados. Não é a polícia nacional que está a ser investigada, é um polícia".

O governo decidiu cancelar "eventos de grande escala que reúnem um grande número de pessoas e que podem apresentar riscos para a ordem pública, dependendo da situação local". Matignon, a residência da primeira-ministra, exortou todos os ministros a regressarem a Paris neste final de semana, segundo uma fonte ministerial. Embora o executivo não exclua "qualquer hipótese", o Presidente da República e o governo estão a observar a progressão dos distúrbios.

A polícia anti-motim junto a um carro em chamas no bairro de La Meinau, em Estrasburgo, no leste de França, na sexta-feira, 30 de junho de 2023.
A polícia anti-motim junto a um carro em chamas no bairro de La Meinau, em Estrasburgo, no leste de França, na sexta-feira, 30 de junho de 2023. © AP / Jean-Francois Badias

Um fenómeno de contágio mais rápido que em 2005

O funeral de Nahel, o jovem que morreu na terça-feira, está marcado para este sábado, anunciou na sexta-feira Patrick Jarry, presidente da Câmara de Nanterre, de onde o jovem era originário. De acordo com um anúncio publicado nas redes sociais, o funeral terá lugar em Nanterre e terminará com um enterro ao início da tarde, às 14h30. Em comunicado, os advogados da família de Nahel convidaram os jornalistas a não assistir ao funeral para evitar qualquer "interferência mediática".

Desta vez o fenómeno alastrou-se para praticamente todas as grandes cidades da França metropolitana e nas regiões ultramarinas no espaço de dois dias.

Funeral de Nahel com data marcada

O funeral de Nahel, o jovem que morreu na terça-feira, está marcado para este sábado, anunciou na sexta-feira Patrick Jarry, presidente da Câmara de Nanterre, de onde o jovem era originário. De acordo com um anúncio publicado nas redes sociais, o funeral terá lugar em Nanterre e terminará com um enterro ao início da tarde. Em comunicado, os advogados da família de Nahel convidaram os jornalistas a não assistir ao funeral para evitar qualquer "interferência mediática".

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